Relações tensas entre cristãos e muçulmanos marcam viagem do papa à África
A primeira visita do papa Francisco à África irá ressaltar os problemas na construção do diálogo entre o cristanismo e o islamismo, duas religiões que crescem rapidamente no continente, ameaçando ampliar as diferenças de um convívio que já é volátil.
Os três países no itinerário papal entre 25 e 30 de novembro --Quênia, Uganda e República Centro-Africana-- vêm sendo assolados por ataques de islâmicos radicais ou confrontos sectários entre cristãos e muçulmanos, e as preocupações com a segurança fazem com que a viagem seja relativamente curta.
Tendo ainda como pano de fundo os atentados recentes de militantes islâmicos na França e no Mali, os principais conselheiros do papa logo reconheceram as dificuldades de conduzir um diálogo dos católicos com outras igrejas cristãs e com muçulmanos.
"Como você pode dialogar com esta mentalidade? Não há diálogo com extremistas. Vejam o que eles fazem", disse o cardeal Robert Sarah, da Guiné, uma das maiores autoridades africanas no Vaticano.
Bispos do Sudão, que durante décadas esteve dividido entre o norte, que tem maioria muçulmana, e o sul, onde há muitos cristãos, vêm dizendo que os cristãos no país são considerados "menos que cachorros... lenha para ser queimada", afirmou Sarah na sexta-feira, em Roma.
Francisco tem buscado apaziguar as relações entre as religiões afirmando que os cristãos estariam errados de equiparar o islã à violência. Mas o potencial de atrito entre as duas religiões predominantes na África subsaariana deve aumentar no mesmo ritmo da população nas próximas décadas.
Estima-se que até 2050 o cristianismo e o islamismo na região subsaariana devem ter duas vezes mais fiéis do que tinham em 2010, de acordo com um estudo deste ano do Pew Research Center, instituto norte-americano de pesquisas.
Projeções mostram que o cristianismo deve continuar sendo o maior grupo religioso da região, de 517 milhões de praticantes em 2010 para 1,1 bilhão em 2050. A população muçulmana deve crescer em ritmo mais acelerado, indo de 248 milhões para 670 milhões de fiéis, diz o estudo.
Os temores com a segurança restringirão os movimentos de Francisco às capitais. Por outro lado, o Vaticano afirma que ele irá usar um papa-móvel aberto ou um pequeno carro na maior parte do tempo, dispensando veículos blindados. Um porta-voz negou a informação de que o pontífice irá usar um colete à prova de balas.
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