Premiê francês diz que Europa não pode acolher mais refugiados, segundo Sueddeutsche Zeitung
BERLIM (Reuters) - Os países europeus chegaram a seu limite na crise de refugiados e não podem receber mais nenhum recém-chegado, disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, segundo o jornal alemão Sueddeutsche Zeitung desta quarta-feira.
A Europa está em meio à pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. A Alemanha recebeu até agora a maior parte do cerca de 1 milhão de pessoas que devem chegar este ano ao continente.
"Não podemos acomodar mais refugiados na Europa, isso não é possível", disse Valls ao Sueddeutsche Zeitung, acrescentando que um controle mais rígido das fronteiras externas da Europa irá definir o destino da União Europeia. "Se nós não fizermos isso, as pessoas vão dizer: Chega de Europa", advertiu Valls.
As declarações foram publicadas apenas algumas horas antes de a chanceler alemã, Angela Merkel, reunir-se com o presidente francês, François Hollande, em Paris.
Inicialmente Merkel foi elogiada em seu país e no exterior por sua abordagem de boas-vindas aos refugiados, dos quais boa parte foge de conflitos no Oriente Médio. Mas, como o fluxo continuou, a chanceler está sob crescente crítica.
Alguns conservadores dizem que a decisão de Merkel de abrir as fronteiras da Alemanha para refugiados sírios em setembro estimulou mais pessoas a emigrarem para o país.
O debate sobre a questão dos refugiados se tornou mais politicamente carregado após os ataques de militantes do Estado Islâmico a Paris, o que fez surgir o temor de que os islamistas explorem a crise migratória para enviar extremistas à Europa.
Valls evitou criticar diretamente Merkel por ter suspendido as regras europeias de asilo e permitir a entrada de refugiados sírios que não tinham como sair da Hungria. "A Alemanha fez uma opção honrosa lá", disse ele. Mas Valls sinalizou que a França foi pega de surpresa pela decisão de Merkel: "Não foi a França que disse: Venham!"
O ministro da Economia francês, Emmanuel Macron, e o seu homólogo alemão, Sigmar Gabriel, propuseram a criação de um fundo de 10 bilhões de euros para arcar com maior segurança, controles nas fronteiras externas e atendimento aos refugiados.
A ONU condenou na terça-feira novas restrições aos refugiados que deixaram cerca de 1.000 imigrantes presos na principal passagem de fronteira entre a Macedônia e a Grécia.
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