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Fusão entre AT&T e Time Warner provoca pedidos de exames minuciosos em Washington

23/10/2016 18h23

WASHINGTON (Reuters) - O acordo histórico da AT&T para adquirir a Time Warner por 85 bilhões de dólares foi visto com preocupação tanto por democratas como por republicanos, que pedem que as agências reguladoras investiguem essa tentativa de criação de um novo gigante do setor de mídia e telecomunicação.

O acordo, anunciado duas semanas antes das eleições nos EUA, pode ser o maior sinal de que o setor corporativo norte-americano já espera que a democrata Hillary Clinton seja eleita e mantenha a mesma postura do presidente Barack Obama no cumprimento da legislação antitruste e regulatória, que já é vista como rígida.

O porta-voz de Clinton Brian Fallon disse a jornalistas neste domingo que há "um número de questões e preocupações" a respeito do acordo", mas que "ainda há muitas informações a serem divulgadas antes que qualquer conclusão seja tomada".

O candidato a vice-presidente na chapa de Hillary Tim Kaine e diversos deputados norte-americanos disseram neste sábado que o acordo pode levantar questões a respeito da lei antitruste, um dia após o candidato republicano Donald Trump também criticar a aquisição.

O subcomitê do Senado para assuntos antitruste vai realizar uma audiência para discutir o acordo antes do fim do ano, afirmou um porta-voz do senador Mike Lee, do estado de Utah, presidente do subcomitê.

Kaine, candidato na chapa de Hillary e senador pelo estado de Virginia, disse que deputados e reguladores terão de revisar o acordo e "descobrir toda a verdade" a respeito de como a fusão pode diminuir a competitividade. 

"Eu sou a favor da competitividade", disse Kaine no programa da NBC "Meet the Press". "Menos concentração, eu acho, é geralmente bom especialmente para a mídia."

Kaine afirmou que ainda não teve oportunidade de inspecionar os detalhes da fusão.

Trump disse em comício no sábado que iria impedir a fusão caso ganhe a eleição do dia 8 de novembro contra a democrata Hillary Clinton.

"É muita concentração de poder nas mãos de muito poucos", disse Trump, que acusou a mídia de ser tendenciosa contra ele e sua campanha.

O Departamento de Justiça dos EUA, não o presidente, tem o poder de rejeitar o negócio se violar as leis antitruste. A AT&T disse que não está claro se a Comissão Federal de Comunicações também terá competência para fiscalizar o negócio.

Um porta-voz do Departamento de Justiça não comentou sobre o negócio neste domingo e um porta-voz da AT&T também não comentou sobre a crítica parlamentar.

O negócio, se aprovado pelos órgãos reguladores, dará a AT&T o controle de canais de TV a cabo HBO e CNN, estúdio de cinema Warner Bros e outros ativos de mídia cobiçados. Isto levanta preocupações de que a AT&T possa tentar limitar a distribuição de material Time Warner.

O CEO da AT&T Randall Stephenson disse a repórteres na noite de sábado acreditar que os reguladores vão aprovar o negócio. Stephenson disse que "não há prejuízos para a concorrência."

Concorrentes da AT&T e Time Warner, como NBCUniversal, Twenty-First Century Fox e Walt Disney poderiam achar que seus conteúdos poderiam ficar em desvantagem, sugeriram alguns grupos de defesa do consumidor.

NBC Universal, que é controlada pela Comcast Corp e a Fox não comentaram a fusão. A Disney não respondeu pedidos de comentários.

(Por Julia Edwards and Diane Bartz, reportagem adicional de David Shepardson)