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Mais de mil muçulmanos podem ter sido mortos em repressão militar em Mianmar

Refugiados rohingyas esperam por ajuda após fugir de Mianmar para Cox"s Bazar, em Bangladesh - Mohammad Ponir Hossain/Reuters
Refugiados rohingyas esperam por ajuda após fugir de Mianmar para Cox's Bazar, em Bangladesh Imagem: Mohammad Ponir Hossain/Reuters

Em Cox's Baxar

08/02/2017 18h48

Mais de mil muçulmanos rohingya podem ter sido mortos numa ação de repressão militar em Mianmar, de acordo com dois importantes representantes das Nações Unidas que trabalham com refugiados escapando da violência, sugerindo que o número de mortos foi bem maior do que o previamente relatado.

Os representantes de duas diferentes agências das Nações Unidas em Bangladesh, onde quase 70 mil rohingya fugiram nos últimos meses, se disseram preocupados com o fato de a comunidade internacional ainda não ter percebido totalmente a gravidade da crise no estado de Rakhine, em Mianmar.

"A conversa até agora tem sido sobre centenas de mortos. Isso está provavelmente subestimado. Nós poderíamos estar diante de milhares", disse uma das autoridades, falando sob condição de anonimato.

Os dois representantes, em entrevistas separadas, mencionaram o peso dos testemunhos de refugiados, coletados pelas suas agências, durante os últimos quatro meses, para concluir que o número de mortos provavelmente passa dos mil.

Zaw Htay, porta-voz presidencial de Mianmar, disse que os últimos relatos de comandantes militares eram que menos do que cem pessoas haviam sido mortas numa operação anti-insurgência contra militantes rohingya que atacaram postos policiais de fronteira em outubro.

Perguntado sobre os comentários das autoridades das Nações Unidas de que o número de mortos poderia ser maior do que mil, ele disse: "Esse número é muito maior do que os nossos dados. Temos de checar no local".

Cerca de 1,1 milhão de muçulmanos rohingya vivem sob condições similares a de um apartheid no noroeste de Mianmar, onde eles têm cidadania negada. Muitos em Mianmar, de maioria budista, os consideram imigrantes ilegais de Bangladesh.