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Papa diz que será duro com bispos chilenos para esclarecer acobertamentos

16.jan.18 - A presidente do Chile, Michelle Bachelet, recebe o papa Francisco - Martin Bernetti/AFP
16.jan.18 - A presidente do Chile, Michelle Bachelet, recebe o papa Francisco Imagem: Martin Bernetti/AFP

Philip Pullella

12/05/2018 13h48

VATICANO (Reuters) - O papa Francisco quer que os bispos chilenos se responsabilizem por "feridas devastadoras" provocadas na credibilidade da Igreja Católica com o acobertamento de abusos sexuais por parte de sacerdotes, alertando que suas próximas reuniões com eles serão duras. 

Sua postura inequívoca foi deixada clara em um comunicado do Vaticano neste sábado, antes de uma visita de bispos chilenos convocados por Francisco para explicarem por que ele não havia sido completamente informado sobre a extensão do escândalo. 

A nota dizia que o papa acreditava que havia necessidade de "examinar profundamente as causas e consequências, além dos mecanismos, que em alguns casos levaram a acobertamentos e graves omissões em relação às vítimas". 

Em uma reviravolta dramática no mês passado, o papa Francisco disse em uma carta aos bispos que ele havia cometido "graves erros" na condução da crise de abusos sexuais por que ele havia sido "mal informado". 

A carta seguiu uma investigação do Vaticano sobre o bispo Juan Barros, que foi nomeado pelo papa em 2015 apesar de acusações de que ele havia acobertado acusações de abuso sexual de menores por seu mentor, o padre Fernando Karadima. Barros já disse que não sabia dos crimes. 

Durante sua viagem ao Chile em janeiro, o papa disse que não havia provas contra Barros, que acreditava que o bispo era inocente, e que as acusações contra ele eram "calúnias" até que fossem provadas. 

O pronunciamento levou à indignação entre chilenos. 

Dias depois de seu retorno ao Vaticano, o papa, citando novas informações não especificadas que havia recebido, voltou atrás e enviou o mais respeitado investigador de abusos sexuais do Vaticano, o arcebispo Charles Scicluna de Malta, ao Chile para investigar. 

A nota do Vaticano neste sábado diz que o papa espera que os bispos sejam "docéis e humildes" nas reuniões para determinar "responsabilidades coletivas e individuais para essas feridas devastadoras" e implementar mudanças para evitar que os abusos se repitam. 

É fundamental que se restabeleça a confiança na Igreja", diz a nota. Pesquisas no Chile dizem que a credibilidade da Igreja despencou no país por causa dos escândalos. 

Barros deve estar entre os 31 bispos ativos e dois aposentados que irão às reuniões entre os dias 15 e 17 de maio a portas fechadas. 

Entretanto, uma figura-chave no escândalo, o cardeal Javier Errazuriz, um arcebispo aposentado de Santiago e um dos nove cardeais de todo mundo que compõe um painel papal de conselheiros em assuntos gerais, estará ausente por motivos pessoais, segundo o jornal chileno "La Tercera". 

Sobreviventes dos abusos acusam Errazuriz de desacreditar vítimas e não investigar casos. Ele nega qualquer conduta errada.