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Em 2012, continente americano será definido pelas presidenciais em quatro países

Poucas vezes coincide que países tão cruciais para a região decidam ao mesmo tempo - Shutterstock
Poucas vezes coincide que países tão cruciais para a região decidam ao mesmo tempo Imagem: Shutterstock

Jorge Ramos

05/01/2012 00h01

O continente americano ficará definido neste 2012 pelo que ocorrer nas eleições nos EUA, México, Venezuela e República Dominicana. Poucas vezes coincide que países tão cruciais para a região decidam ao mesmo tempo. Essa decisão coletiva nos marcará por muitos anos.

Comecemos pelo maior. Os EUA se debatem entre reeleger o presidente Barack Obama ou mudar de rumo e escolher um republicano para a Casa Branca. Este ano Obama mencionará entre suas principais conquistas a reforma do sistema de assistência médica do país, que deu a milhões de americanos acesso ao seguro médico. Também fará campanha com suas conquistas no estrangeiro: a morte de Osama bin Laden no ano passado no Paquistão, a queda do regime de Muammar Gaddafi na Líbia e o fim oficial da guerra no Iraque.

Mas Obama, entretanto, enfrenta um duro caminho para a reeleição.

Entenda o processo eleitoral americano

O tema central da campanha nos EUA será a economia. Com 13 milhões de desempregados, poucos podem dizer que as coisas estão melhor que quatro anos atrás. E embora os democratas argumentem que o governo Obama herdou uma terrível crise econômica de George W. Bush, será difícil convencer os eleitores anos mais tarde.

Assim mesmo, Obama não cumpriu sua promessa de campanha de apresentar um projeto de reforma migratória ao Congresso em seu primeiro ano no cargo. Alguns eleitores lembrarão isso ao encontrar-se diante das urnas.

Portanto, neste ano o candidato republicano estará encarregado de convencer a população de que pode fazer as coisas melhor que Obama, e deverá oferecer soluções muito concretas para os problemas que tanto estão prejudicando os americanos.

No México não há reeleição. Mas o Partido da Ação Nacional (PAN) já está há dois mandatos de seis anos no poder e se nota o desgaste. Com dezenas de milhares de mortos, parte do território nacional nas mãos dos narcotraficantes e uma violência fora de controle, no México ninguém quer mais do mesmo.

Os três candidatos do PAN - Josefina Vázquez Mota, Santiago Creel e Ernesto Cordero - são obrigados a se distanciar do presidente Felipe Calderón se não quiserem ficar enterrados nas urnas.

A frustração diante da criminalidade e da impunidade, a terrível desigualdade econômica, o desgaste do PAN e a divisão na esquerda explicam a vantagem do Partido Revolucionário Institucional (PRI) nas pesquisas. Mas o candidato priísta Enrique Peña Nieto ainda não demonstrou que pode com o país nem que está preparado para ser presidente. Sua candidatura esteve cheia de esquecimentos e erros. Se Peña Nieto não provar além de qualquer dúvida que é um político capaz e não uma simples invenção midiática, sua imagem tão cuidada durante anos pode desmoronar para as votações de 1º de julho.

Andrés Manuel López Obrador, o candidato do PRD, se encarregará de lembrar ao país o desastre que foi o PRI durante 71 anos - fraudes, corrupção, assassinatos, abusos - e o pouco que o país mudou com o PAN. Mas a pergunta é se ele é o candidato da mudança.

Mudança é a esperança de milhões na Venezuela. Esta parece ser a última oportunidade da oposição para tirar Hugo Chávez do poder por bem, isto é, pelos votos. Seis candidatos definirão em 12 de fevereiro quem enfrentará o caudilho em 7 de outubro.

O problema é muito simples. Chávez controla quase tudo no país, incluindo o órgão que conta os votos. Será preciso arrancá-lo do poder com uma vitória contundente ou não deixará o Palácio de Miraflores. Toda uma geração de boliburgueses - chavistas que se beneficiaram do esbanjamento oficial - farão o possível para manter Chávez parafusado à presidência.

Na República Dominicana ninguém parece estar vendo o futuro. As opções são só para trás, segundo as últimas pesquisas. Em maio os dominicanos escolherão entre o continuísmo - com Danilo Medina e a atual primeira-dama, Margarita Cedeño, como candidata à vice-presidência do Partido da Libertação Dominicana - e o passado, representado pelo ex-presidente Hipólito Mejía, do Partido Revolucionário Dominicano.

Onde estão os candidatos jovens, com ideias novas, para a República Dominicana? Por que a vitalidade da comunidade dominicana nos EUA não se vê na ilha? O continente americano se define neste 2012 com essas quatro eleições. Será impossível não ser afetado, independentemente do país onde você viva, pelo que decidirem os americanos, mexicanos, venezuelanos e dominicanos. Brindo para que tomem as melhores decisões.