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2014 foi o ano em que vivemos as novidades que definirão os rumos do século

29/12/2014 06h00

Dentre os acontecimentos e revelações marcantes de 2014, três se destacam pelas consequências que terão ao longo do século 21. O primeiro é a importância da espionagem eletrônica e dos ciberataques lançados por governos, empresas e hackers.

No passado mês de fevereiro, a invasão da Crimeia pela Rússia mostrou que as operações de ciberguerra estão efetivamente integradas ao arsenal militar das grandes potências. Neste mês de dezembro, os estragos do inédito ataque à firma Sony revelaram outro aspecto do problema.

Quer tenha sido perpetrado pela Coreia do Norte, como acusou o presidente Obama, ou desencadeado por hackers a serviço de outros interesses, o ciberataque à Sony ilustrou a vulnerabilidade da teia digital americana às investidas externas.

Grandes e médias empresas, países visados e menos visados, agora já sabem: a cibersegurança conta tanto quanto a cotação na bolsa ou os porta-aviões

O segundo fato capital do ano foi a consagração da China como a maior potência mercantil do planeta. Publicado no último mês de abril, um estudo do banco londrino Standard Chartered sublinhou a nova realidade geopolítica.

Correspondendo a 11,5% do comércio mundial e a 47% do seu próprio PNB, as trocas externas da China a transformaram numa megapotência mercantil. No começo do século 20, o império britânico granjeava de um peso similar ao da China atual no comércio mundial.

Porém, antes disso, os britânicos haviam derrotado a França (em Trafalgar e Waterloo), a Rússia (na Crimeia), a China (na guerra do Opium) e abocanhado a Índia (em 1858), impondo sua lei em todos os mares. Quantas batalhas e quais zonas de influência Pequim deverá ganhar para consolidar seu poderio no século 21?

O terceiro dado relevante de 2014 terá sido a divulgação, no mês de agosto, de um relatório do UNICEF (órgão das Nações Unidas dedicado à infância) sobre a pujança do crescimento demográfico africano.

Em 1950, a África continha apenas 9% da população mundial. No final do século 21, a proporção será de 40%. Na mesma altura, perto da metade das crianças e adolescentes menores de 18 anos será africana.

Como explicita o relatório do UNICEF, retomado pela "Economist", “o futuro da humanidade será crescentemente africano”. Pelas projeções dos dados vê-se também que a língua portuguesa será cada vez mais falada na África onde viverá a maioria dos lusófonos no final do século.

Este é o ponto que faz toda a diferença entre os acontecimentos mencionados acima. Virado para os países africanos, tendo a maior população de afrodescendentes vivendo fora da África, contando com mais embaixadas nas capitais africanas do que nas capitais latino-americanas, o futuro do Brasil também será crescentemente africano.