Maierovitch: Fux faz voto assustador e jurássico sobre porte de maconha
O colunista Wálter Maierovitch disse, no UOL News desta terça (25), que o voto do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux sobre a descriminalização da maconha está "fora do tempo". A Suprema Corte decidiu ontem, por 8 votos a 3, descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal.
O proibicionismo nos trouxe o atraso de se criminalizar, de se carimbar alguém como criminoso, que vai perder o emprego, 'esse aqui é maconheiro'. (...) Estou chamando de 'apartheid'. No apartheid, a mesma lei vale diferentemente: o cidadão de pele diferente, quer seja preta quer seja amarela, do tratamento do de pele branca. Esse é traficante, com a mesma quantidade ele vai preso em flagrante e vai pra cadeia. O branco é usuário e não vai pra cadeia. Wálter Maierovitch, colunista do UOL
Maierovitch ressaltou que esse apartheid existe, mas pouco se fala.
O que a gente vê sob o aspecto do proibicionismo: o atraso, o fundamentalismo. E o que a gente vê no caminho progressista: uma preocupação humanitária, de se estabelecer pelo conhecimento, 'olha a droga faz mal', por medidas de tratamento, com medidas adequadas, e sempre em respeito à privacidade e à intimidade. E o que vimos na decisão do Supremo, que por maioria [votou pela descriminalização], vimos aí os votos jurássicos, do [Cristano] Zanin e esse último do Fux hoje que foi uma coisa assustadora.
Não concordo em nada [com o Fux], um voto assustador, jurássico, uma coisa que está fora de tempo, fora de época. Ele cita um proibicionista de carteirinha, que é um psiquiatra, e se baseia todo nele. Ele demoniza o uso da erva canábica — ninguém está falando que faz bem, a questão é outra. A questão é se deve ser tratado como cadeia, como crime, ou como sanção para gerar reincidência, para gerar carimbo de criminoso. Quem é que vai conseguir um emprego com isso? É um voto que impressiona muito mal. Wálter Maierovitch, colunista do UOL
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