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Empresários precisam de ajuda para resolver problemas do mundo

03/11/2015 00h01

P: Leio sua coluna há muitos anos. Minha equipe e eu criamos um centro de aprendizagem focado em capacitar jovens e adultos desempregados ou subempregados, oferecendo desenvolvimento de negócios e treinamento técnico. Nossa organização enfrenta problemas que vão desde poucos recursos a infraestrutura precária, ainda assim não desanimamos. Que conselho você poderia nos dar?

— Eustace Ukonu

R: Em primeiro lugar, parabéns por criar uma organização assim, e saiba que você não é o único a enfrentar esses problemas --eu já passei por isso.

Por exemplo, quando montei a Virgin Atlantic, não só enfrentei problemas financeiros, mas também dúvidas constantes e críticas do público e de alguns membros da minha própria equipe sobre minha falta de conhecimento do setor aéreo. Mas eu aprendi ao longo dos anos que é importante usar essa energia negativa e transformá-la em combustível.

Como?

O primeiro passo é lembrar o motivo pelo qual você embarcou nesta aventura: para assumir um desafio difícil. Lembre-se que os empresários têm um potencial enorme de ser uma força para o bem. Eles são catalisadores do crescimento e da inovação, e têm um papel importante em resolver alguns dos problemas mais persistentes do mundo.

Mas eles precisam de ajuda. A Bloomberg estima que cerca de 8 em cada 10 empresas fracassam nos seus primeiros 18 meses. É por isso que empresas como a sua são tão importantes. O serviço que você está oferecendo é um grande passo para ajudar os empresários a superar esse período.

Quando começamos a Virgin, mais de quatro décadas atrás, queríamos melhorar a vida das pessoas, e mantivemos essa filosofia desde então. Foi por isso que eu defendi a criação da fundação empresarial Virgin Unite e do Centro Branson de Empreendedorismo, com filiais no Caribe e na África do Sul, onde oferecemos programas de treinamento e acesso a orientação e aconselhamento.

Taddy Blecher, um dos fundadores da Associação de Desenvolvimento Comunitário & Individual na África, uma universidade gratuita que é sustentada pelos alunos, inspirou-me a abrir um centro de empreendedorismo em Johannesburgo. Quando o inauguramos em 2005, oferecemos palestras para um grande número de estudantes, mas nem todos eram necessariamente empreendedores. Nós mudamos o nosso foco para apoiar os empresários que já tinham tido algum sucesso ao lançar seu negócio, mas precisavam de um pouco de ajuda para chegar ao próximo nível. Também oferecemos apoio online.

Em 2011 montamos outro Centro Branson em Montego Bay. Nós escolhemos o país porque a região não tinha oportunidades nem apoio técnico para os empresários levantarem capital adicional.

Desde que a Virgin Unite começou há 10 anos, junto com o Centro Branson de Empreendedorismo, já apoiamos 4.000 empresários. Clare Reid, uma empresária do Centro Branson, é um exemplo de destaque de alguém que se beneficiou. Sua empresa, a Reel Gardening, revolucionou a produção de alimentos na África do Sul, ajudando comunidades a usarem 85% menos água no plantio de alimentos.

O centro ajudou Claire desenvolver sua confiança e perspicácia empresarial, e eventualmente a apresentamos a representantes da Unilever. Isso levou a um contrato de US$ 160 mil (R$ 627 mil) e uma bolsa de US$ 400 mil (R$ 1,56 milhão) do USAid.

Gordon Swaby, empresário do Centro Branson no Caribe, precisava de treinamento para melhorar a Edufocal, sua plataforma de educação à distância que incorpora gamificação nos exercícios preparatórios. Desde então, Gordon criou 30 postos de trabalho, e no ano passado foi reconhecido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento como um dos 10 principais jovens inovadores da América Latina e Caribe

Então que conselho posso oferecer a você, Eustace? Algumas dicas:

– Positividade: Posso ver que você está comprometido e entusiasmado --essas características são essenciais para enfrentar tempos difíceis. Não deixe que nada mude seu foco ou faça você duvidar de si mesmo.

– Dados: Certifique-se de que você consegue medir o impacto dos empresários com que você trabalha --acompanhe os dados de lucro gerado e número de novas contratações. Conhecer esses números vai ajudá-lo a inovar e adaptar-se de acordo com o que funciona e o que não funciona. Se você puder demonstrar o impacto que sua organização está tendo, as pessoas vão querer ajudá-lo.

– Parcerias: Aproxime-se de organizações locais que possam doar tempo, dinheiro ou recursos para suas iniciativas. Elas podem ajudá-lo a desenvolver as comunidades, tanto online como offline, para que você atinja tantas pessoas quanto possível. E encoraje os líderes empresariais locais a se tornarem mentores --eles muitas vezes descobrem que ajudar os outros é muito gratificante.

– Tecnologia: Se você está com dificuldades financeiras, pense em se concentrar mais na educação online como uma forma de atingir mais pessoas e reduzir os custos. Claro, seu objetivo deve ser o de fornecer tanto uma rede online quando um edifício de tijolos e argamassa onde os jovens empresários possam se encontrar, trocar ideias e aprender.

O Centro de Branson é um dos projetos mais gratificantes no qual já me envolvi, apesar dos desafios. Simplesmente siga em frente – você vai fazer uma enorme diferença na vida das pessoas.

(Perguntas dos leitores serão respondidas em colunas futuras. Por favor, envie a sua para RichardBranson@nytimes.com. Inclua seu nome, país, endereço de e-mail e o nome do site ou publicação onde você lê a coluna.)