Rio abre alas para a magia

Na 1ª noite de desfiles no Rio, escolas investem em truques e superam corte de verbas com mágica na Sapucaí

Renata Nogueira* Do UOL, em São Paulo Bruna Prado/UOL

Príncipes virando sapos, bruxas e emojis voadores e "chuva" de dinheiro e pão. A passarela do samba quase se transformou em um picadeiro em vários momentos da primeira noite de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio.

Efeitos que deixaram em segundo plano o temor de um Carnaval de "vacas magras" após o corte de verbas oficiais e de patrocinadores que poderia comprometer uma das festas mais famosas do mundo.

Destaque para a Viradouro, que, com a volta do carnavalesco Paulo Barros, foi uma das escolas que mais apostaram na mágica. Até o Mestre Ciça encarnou o Mago Merlin na bateria furacão vermelho e branco.

A magia também parece ter afastado o "mau agouro" dos anos anteriores em que várias escolas tiveram sérios problemas na avenida e - até agora - a Marquês de Sapucaí teve um carnaval tranquilo. 

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Roberto Vasquez/Futura Press/Estadão Conteúdo

Acelera, Viradouro

Segunda escola a entrar na avenida, a Viradouro surpreendeu desde sua comissão de frente - marca registrada de Paulo Barros. Ele montou uma história ao estilo dos contos de fadas. Um menino interage com a avó e abre o livro mágico. O feitiço toma conta. Bruxas surgiram em caldeirões. Príncipes viraram sapos. Uma princesa drag queen, Suzy Brasil, deu as caras.

O coreógrafo Alex Neoral e integrantes da escola revelaram parte da magia em uma participação no programa "Encontro", na Globo. A explosão no livro é acionada por um botão no objeto. Já os príncipes tinham 8 segundos para se transformar em sapos. Como? Arrancando o traje de velcro dentro do caldeirão, que tinha 30 pessoas entre atores e ajudantes enquanto outros 15 se apresentavam lá fora. Embaixo, a roupa de sapo, e uma touca que escondia a coroa e cobria as cabeças. 

As surpresas não pararam por aí. De repente, de uma das rampas de um carro alegórico sai o motoqueiro fantasma, um piloto profissional mascarado. Destaque também para um carro que fazia bruxas voarem a 10 metros de altura. Penduradas durante o desfile, as integrantes chegaram a usar fraldas geriátricas para evitar acidentes. Nada que estragasse a magia da noite.

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Raphael Dias/Getty Images

Flutua, Grande Rio

A Grande Rio também surpreendeu ao criar uma estrutura com cabeças de isopor e drones modificados por questão de peso e segurança. O casal de coreógrafos Beth e Hélio Bejani fizeram a Sapucaí ser invadida por emojis voadores que flutuaram na passarela do samba. No "Encontro", eles contaram que foram dois ensaios por semana com os dez bailarinos desde novembro para fazer a magia acontecer sem incidentes.

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Voa, Imperatriz

Baseado na clássica marchinha "Me Dá Um Dinheiro Aí", a Imperatriz Leopoldinense fez um Robin Hood sobrevoar a Sapucaí na comissão de frente. Uma máquina medieval serviu como guindaste para que Robin Hood literalmente voasse pela avenida, jogando células falsas de dinheiro. Ao todo, foram usadas mais de 200 mil cédulas distribuídas ao público. Uma ironia até mesmo para a própria crise financeira das escolas do Rio.

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Fábio Costa/Estadão Conteúdo Fábio Costa/Estadão Conteúdo

Nas asas da Beija-Flor

Sempre presente, o símbolo da escola surgiu logo no começo e também distribuiu sua magia na Sapucaí. O abre-alas homenageou personalidades da escola e trouxe crianças estudando em uma sala de aula azul e branca, com um telão lembrando aqueles que fizeram parte da história da icônica agremiação. Ao fundo, o pássaro seguia escondido, mas roubou a cena quando entrou em destaque.

Com cerca de cinco metros de comprimento, a ave abriu as asas com a ajuda de dois integrantes e surgiu imponente no topo do carro alegórico. Após alguns segundos, o beija-flor voltou ao seu lugar de origem.

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Marcel Fonseca/Estadão Conteúdo

Chuva de pão

Já era dia quando a Unidos da Tijuca fez "chover" pão na avenida. Na coreografia, Jesus surgiu em uma plataforma alta e distribuiu pão aos hebreus. A ideia era contar a origem do alimento, segundo uma passagem bíblica do livro "Êxodo". Outro momento retirado da bíblia foi a Santa Ceia, em que Jesus apareceu ao lado de seus apóstolos dividindo pão.

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