Mancha Verde e Tom Maior entram na briga pelo título do Carnaval de SP
Encerrada a primeira noite dos desfiles do Grupo Especial de São Paulo, Mancha Verde e Tom Maior credenciaram-se, com desfiles tecnicamente perfeitos, à disputa do título do Carnaval 2019. Acadêmicos do Tatuapé e Império da Casa Verde também fizeram boas apresentações, mas cometeram pequenos erros que podem custar caro na apuração da terça-feira de Carnaval.
Em um nível abaixo, estiveram Colorado do Brás e Acadêmicos do Tucuruvi. Se a primeira chegou a surpreender com um desfile bastante digno, a Tucuruvi teve problemas de evolução. Já a X-9 Paulistana fez um desfile repleto de problemas em vários quesitos e dificilmente não será uma das duas rebaixadas para o Grupo de Acesso de 2020.
Colorado do Brás
Depois de 25 anos ausente do desfile principal, a Colorado do Brás arrancou com bastante empolgação. Defendendo o enredo "Hakuna Matata, Isso É Viver", a vermelha e branca fez uma homenagem ao Quênia, usando a música do desenho animado "Rei Leão" como mote. A escola desfilou animada, de forma organizada e com boa evolução. O samba funcionou bem, animando os componentes e foi muito bem defendido pelo intérprete Chitão.
A escola desfilou de forma digna, apesar da desigualdade de seu conjunto alegórico e da leitura um tanto complicada do enredo. Inicialmente cotada como uma das possíveis rebaixadas, a Colorado foi uma agradável surpresa e pode sonhar em lutar pela permanência no grupo.
Império de Casa Verde
Aguardada com muita expectativa, a Império de Casa Verde trouxe um portentoso conjunto alegórico, com suntuosidade e vários efeitos especiais para contar o enredo "O Império Contra-ataca", sobre a história do cinema. A última alegoria, sobre o filme "Star Wars", impressionou o público.
Porém a escola acabou vítima do seu gigantismo. O carro abre-alas passou lentamente pela pista, atrasando a evolução da agremiação, que precisou apertar o passo para não estourar o tempo de 65 minutos. Apesar dos problemas, o samba rendeu e foi muito cantado pelos componentes. Mas as falhas de evolução e o conjunto desigual de fantasias podem fazer a escola ser penalizada pelos jurados.
Mancha Verde
Terceira escola a desfilar, a Mancha Verde trouxe o enredo "Oxalá, Salve a Princesa! A Saga de uma Guerreira Negra" e colocou o desfile em outro patamar visual. Escorada em um investimento de mais de R$ 3 milhões da patrocinadora do Palmeiras, trouxe alegorias ricamente decoradas e fantasias com esmero nos detalhes.
Extremamente disciplinada e técnica, a Mancha teve uma evolução contínua, sem sustos e com bom desempenho de canto. Se não arrebatou as arquibancadas, certamente conquistará a simpatia dos jurados, que terão dificuldades de encontrar erros em seu desfile. A Mancha saiu do Anhembi como uma das postulantes ao título.
Acadêmicos do Tucuruvi
A Acadêmicos do Tucuruvi foi a quarta agremiação a pisar no Anhembi. Com o enredo "Liberdade... o canto retumbante de um povo heroico", apresentou um visual bem mais modesto do que as anteriores. Os carros alegóricos careciam de impacto e capricho e as fantasias eram pouco elaboradas.
Se faltou dinheiro, sobrou animação. A Tucuruvi foi uma das escolas que mais cantou e que teve os componentes mais entusiasmados da noite. A evolução foi complicada: extremamente lenta no início do cortejo por conta da demora na apresentação da comissão de frente, do meio para o final a Tucuruvi teve que acelerar seu ritmo para não estourar o tempo de desfile.
Acadêmicos do Tatuapé
Quinta escola a desfilar, apresentando o enredo "Bravos Guerreiros - Por Deus, pela Honra, pela Justiça e pelos que Precisam de Nós", a bicampeã Acadêmicos do Tatuapé fez um desfile de evolução muito forte. Em vários momentos, o time de cantores, comandado por Celsinho Mody, deixava o samba apenas na voz dos componentes - que responderam de forma incisiva. A bateria foi um dos destaques, com impressionante sincronia nas bossas.
Com fantasias de bom gosto e carros imponentes, a Tatuapé fazia um desfile que a credenciaria normalmente para a briga pelo tricampeonato. Porém, um telão de led no último carro alegórico passou apagado e certamente resultará em penalização na apuração. Em um Carnaval decidido por décimos de pontos, é uma falha que poderá sepultar as chances da agremiação.
X-9 Paulistana
Homenageando o sambista Arlindo Cruz, a X-9 fez um desfile repleto de problemas. Com alegorias apresentando sérias falhas de acabamento e fantasias pobres, a escola até tentou se superar, cantando o bom samba-enredo. Mas as fragilidades saltaram aos olhos. Um dos destaques da apresentação foi a comissão de frente, muito bem coreografada, apesar de contar com um tripé sem qualquer função e mal acabado.
No último carro da escola, o homenageado desfilou sentado com uma bandeira do Império Serrano no colo. Recuperando-se de um AVC sofrido há dois anos, o sambista arrancou aplausos emocionados do público. Muito pouco para evitar o provável rebaixamento da escola, duas vezes campeã paulistana e que tinha voltado para o Grupo Especial no Carnaval passado.
Tom Maior
Já era dia claro no Anhembi quando a Tom Maior entrou na pista com o enredo "Penso, Logo Existo. As interrogações do nosso imaginário em busca do inimaginável". Abusando do bom gosto em alegorias e fantasias, a escola fez um desfile de forte impacto visual. Aproveitando os raios de sol que despontaram no céu paulistano, a escola usou, com maestria, tons de prata e cores cítricas para contar sua história.
A evolução foi contínua, compacta e sem maiores percalços. A escola desfilou solta e animada, cantando a plenos pulmões o melodioso samba, muito bem defendido por Bruno Ribas. Com fantasias criativas e com tom futurista, a Tom Maior deverá garantir boas notas neste quesito. Para o público que ficou até o fim, ficou a certeza de que a agremiação deverá disputar as primeiras colocações na apuração de terça-feira.
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