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Eleição de novo presidente da Lierj põe fim a racha na Série A carioca

Wallace Palhares assume o comando da entidade - Jaylton Pimentel/Divulgação
Wallace Palhares assume o comando da entidade Imagem: Jaylton Pimentel/Divulgação

24/05/2019 12h10

Fim do litígio na Série A (Grupo de Acesso) do Carnaval carioca. Na noite de ontem, uma assembleia ratificou a eleição da nova diretoria da Lierj (Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), responsável pelos desfiles de sexta-feira e sábado de Carnaval. Divergências entre 10 escolas e o então presidente da entidade, Renato Thor, haviam motivado o surgimento de uma entidade paralela, a Liga-RJ.

Ex-presidente da Acadêmicos do Sossego e líder da liga dissidente, Wallace Palhares assume o comando da entidade e, em sua primeira entrevista, afirma que irá continuar o trabalho desenvolvido pela Lierj priorizando o diálogo com as 14 escolas que participam do desfile. Confira:
Como vocês conseguiram chegar a um acordo com o ex-presidente Renato Thor?

Na verdade, ontem ratificamos a ata do dia 23 de março que me nomeava presidente, já que tivemos a decisão judicial validando a nossa assembleia. O Thor fez a transição com toda tranquilidade e aprovamos todas as contas da entidade desde 2012. Agora, buscaremos reformar o estatuto, fazendo-o mais justo e dando o mesmo peso para todas as escolas. Não é justo que escolas fundadoras, que hoje estejam no Grupo Especial, tenham um voto que valha mais do que as agremiações que estão aqui lutando e sem barracão.

Quais são as principais diretrizes de sua administração?

É preciso correr atrás do tempo perdido. Buscaremos uma conversa com o governador do estado e ampliar parcerias, sobretudo no setor privado. Também estamos em uma conversa adiantada com o setor de captação de recursos da prefeitura. Não podemos mais ter um Carnaval como foi o deste ano. Foi terrível, todo mundo saiu devendo. A situação dos barracões é outro ponto a ser tocado. Quase todas as escolas estão sem barracão e quem tem, está ameaçado de perder o espaço. Quero deixar claro que a gestão é totalmente comprometida com a Lierj. Eu saí do Acadêmicos do Sossego para me dedicar integralmente a este projeto.

Como será a relação com a Liesa?

Já começamos a conversar e estamos dispostos a dar continuidade aos projetos que já estavam sendo desenvolvidos. Vamos buscar essa aproximação para que o espetáculo cresça mais. Digo o mesmo para a Rede Globo.

O desfile da Série A em 2020 terá a presença da Imperatriz Leopoldinense, o que deverá atrair ainda mais o olhar da mídia para o mesmo. Como você encara isso?

A Imperatriz é uma grande escola e será muito bem recebida. Ela está resolvendo as coisas internamente, mas os seus diretores disseram que, assim que resolvesse, chegariam para se integrar.

Uma das principais marcas da Lierj foi a lisura dos resultados. Como manter esse legado?

É dar continuidade ao trabalho e focar na presença de um administração mais cristalina com as escolas. Sabemos que os resultados sempre foram bem coerentes e queremos que continuem sendo. Iremos manter a rotina de cursos de capacitação de jurados e até estender isso, de repente levando os jurados para conhecer as quadras e as características das escolas. Tudo será resolvido pelo colegiado das escolas em assembleias.

Retomando o problema dos barracões, um sonho antigo das escolas da Série A é a construção da Cidade do Samba 2. Como viabilizar esta obra na conjuntura atual, em que a prefeitura corta e atrasa repasses de verbas?

Por enquanto vamos resolver os problemas das escolas que estão sem barracão e ajudar as que estão a ficar nos galpões. Mas vamos levar esse pedido ao governo do estado e até ao governo federal. Temos algumas sugestões de terrenos, próximos ao centro da cidade.

Antes do Carnaval, o Sossego, escola que você presidia, ameaçou levar uma escultura do prefeito Crivella como um diabo - o que acabou não acontecendo. Mas levou uma faixa para a avenida em protesto. Agora, meses depois, você presidirá uma entidade que terá contato direto com a prefeitura. Como você encara a situação?

Tudo foi resolvido. Chegamos a um acordo e resolvemos isso antes do Carnaval. Tanto que estamos conversando hoje com a prefeitura sobre captação de recursos. São águas passadas.

Anderson Baltar