Quem pensa que Carnaval é coisa só da chamada "esquerda festiva" pode ir tirando seu bloquinho da chuva. Os foliões de direita também estiveram nas ruas.
Lucas Penteado, 28, não é da ala radical, nem se posiciona ideologicamente à direita, mas admite ter votado em Bolsonaro e vê excessos em protestos. "Não existe governo perfeito, vejo pontos positivos e negativos", opinou.
Ele conta que esteve nesse Carnaval em muitos blocos onde presenciou protestos. "No desfile do Baixo Augusta teve muita gente que extrapolou, vi muita radicalidade". Penteado diz que chegou a passar no bloco dos Bolsominions na Vila Madalena (zona oeste), mas não parou porque não tinha ninguém.
Também pró-Bolsonaro, Joana Rodrigues, 36, não é a favor dos protestos contra o governo e não acredita que as manifestações prosseguirão para além da folia. "Foi só zoeira de Carnaval".
Assumidamente de direita, e da ala radical, Rebeca Andrade, 31, afirmou em alto e bom som: "Sou Bolsonaro e acho que o governo dele está bom sim, e foram apenas três meses, não dá para falar mal".
Ao seu lado, também de direita e assumidamente radical, João Paulo, 34, se recusou a falar inicialmente, mas não se conteve e disparou críticas contra os protestos contra o governo no Carnaval. "É o marxismo cultural, típico da esquerda".
O casal diz ainda que gostaria que existissem blocos de direita, mas quando a reportagem perguntou sobre que música tocaria, instalou-se um impasse entre os dois. "Ah, pode ser MPB...", sugeriu Rebeca. "Epa, mas Chico Buarque não!", rebateu Paulo. Questionado se Lobão poderia estar no bloco, o folião conservador titubeou um pouco, mas depois respondeu que sim. "Ele saiu da doença."