Bolsonaro divulga música com resposta a críticas de Dani Mercury e Caetano
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) divulgou hoje (05) um vídeo de uma marchinha de Carnaval em que um cantor rebate críticas feitas por Daniela Mercury e Caetano Veloso na música "Proibido o Carnaval". O nome da música que rebate as críticas e do cantor não foram divulgados no post feito no Twitter oficial de Bolsonaro.
Sem fazer referência direta aos cantores, Bolsonaro escreveu: "Dois 'famosos' acusam o Governo Jair Bolsonaro de querer acabar com o Carnaval. A verdade é outra: esse tipo de 'artista' não mais se locupletará da Lei Rouanet".
Antes de começar a marchinha, o cantor diz: "essa marchinha vai para o nosso querido Caetano Veloso e nossa querida Daniela Mercury. Chupa".
A música compartilhada por Bolsonaro foi divulgada um mês após os cantores Daniela Mercury e Caetano Veloso lançarem um videoclipe pedindo o fim da censura no dia a dia e nas festas de Carnaval.
A canção da dupla, "Proibido o Carnaval", faz referências a temas polêmicos do governo Bolsonaro como o uso de cores azul para meninos e rosa para meninas, proposto pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.
Após ser publicada, a música de Caetano e Daniela sofreu uma onda de protestos nas redes sociais. Hoje, no momento da publicação desta reportagem, o videoclipe tinha 654 mil "dislikes" contra 155 mil "likes". A música já superava 3,6 milhões de visualizações.
O governo Bolsonaro e o presidente são alvos de protestos no Carnaval deste ano. Blocos de ruas fazem referências aos casos suspeitos de candidatos laranjas do PSL. As cores rosa e azul, que foram alvo de polêmica no início do ano, também entraram nas críticas da festa.
Já a marchinha compartilhada por Bolsonaro diz que "quem quiser brincar, brinque com seu dinheiro. Nosso Brasil vem primeiro é ordem do capitão". O cantor diz que "tem gente ficando doida sem a Lei Rouanet" e que o "Carnaval não está proibido".
O vídeo termina com o cantor dizendo: "entendeu Caetano? Entendeu Daniela Mercury? Chupa. Bom Carnaval para vocês. Sem dinheiro do povo. É isso aí".
Daniela Mercury pede respeito
Questionada sobre os protestos, Daniela disse que "nunca quis ser unanimidade" e prometeu "não abrir mão dessa luta". A cantora voltou a se manifestar após o post de Bolsonaro e alegou que recebeu R$ 1 milhão, via Lei Rouanet, em 20 anos para sua participação no Carnaval de Salvador. Ela explicou que o valor corresponde a 10% do custo geral que teve no período e se ofereceu para explicar a legislação ao presidente.
A cantora atribuiu parte das críticas a fake news que dominaram a campanha eleitoral e relembrou ter 35 anos de carreira.
Mereço respeito pelo que sou, pelo que represento e pelo que faço constantemente pela sociedade brasileira em diversas causas, não apenas na arte
Daniela Mercury, em comunicado oficial
À noite, em novo post no Twitter, o presidente, sem citar a cantora, escreveu que a possibilidade de receber "renomados" que já se beneficiaram da lei "não passa de piada".
Já a mulher e empresária de Caetano Veloso, Paula Lavigne, afirmou ao UOL que o cantor não responderá ao post do presidente.
Lei Rouanet
Na semana passada, durante um café da manhã com jornalistas, Bolsonaro disse que estuda reduzir o limite de recursos utilizados em projetos culturais financiados por renúncia fiscal. O corte seria dos atuais R$ 60 milhões para R$ 5 milhões.
Segundo ele, a ideia é incentivar artistas pouco conhecidos, aos quais ele chama de "artistas de raiz", e em início de carreira. Isso seria uma alternativa ao financiamento de artistas e produções já consagrados. Ele afirmou que o governo está prestes a chegar a um acordo sobre o tema.
Post de Carnaval
A postagem sobre a marchinha, feita por Bolsonaro, foi a primeira relacionada ao Carnaval desde o início da folia. Em suas redes sociais -- canal preferido de comunicação do presidente -- o conteúdo compartilhado foi sobre o leilão da ferrovia Norte-Sul, gastos com Educação, a edição de uma medida provisória sobre contribuição sindical.
Outra postagem foi com agradecimentos ao filho Carlos Bolsonaro, que esteve próximo ao pai durante as cirurgias e o período de recuperação da facada que sofreu durante a campanha. Carlos, que é vereador no Rio de Janeiro, também foi o pivô de uma queda de braço com o ex-ministro Gustavo Bebianno, desligado do governo em fevereiro.
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