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Cerca reciclada protege 'novos jardins' da Rocinha

22/06/2012 12h29

Se entre os participantes da Rio+20 o tom ao fim do encontro é marcado fortemente por decepção, a alguns quilômetros de lá, na favela da Rocinha, falava mais alto a indiferença sobre o encontro de líderes e chefes de Estado.

O escritor Carlos Costa, que atuou como líder comunitário da favela durante anos, afirmou à BBC Brasil que para, ambiente  muitos moradores da Rocinha, a Rio+20 pode ser vista como perda de tempo.

"Quando você percebe que as autoridades não sabem como vão fazer para consolidar os planos que apresentam, você vê que não vai dar em nada", disse Costa, acrescentando que acredita muito mais nas mudanças promovidas pela sociedade civil.

E de fato, nas ruas pacificadas da comunidade, não é difícil encontrar iniciativas sustentáveis de moradores.

De um pequeno quarto à margem do valão por onde ainda escorre o esgoto da favela a céu aberto, o jovem Rodrigo Macedo recicla cerca de duas toneladas de garrafas plásticas por semana, além de 800 quilos de latas.

No recinto apertado em que funciona a firma, cabem apenas duas pessoas entre enormes sacos repletos de garrafas, latas e outros materiais recicláveis. A sucata, toda recolhida das ruas da favela, é vendida à Prefeitura do Rio de Janeiro.

Barcelona

Subindo uma das vielas que levam favela acima, chega-se à Rua 4, uma das vitrines do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), pós-ocupação.

Com suas casas coloridas, inspiradas em Barcelona, poucos olham para baixo. Mas quem o faz logo percebe canteiros bem cuidados e cercados.

A iniciativa é também de um morador, Zenílton Marinho - mais conhecido como Zé Fininho.

Fininho alega que as autoridades deixaram o trabalho "pela metade", sem instalar cercas para proteger as mudas plantadas. Semanas depois, o resultado, segundo ele era desanimador.

"Isso aqui fico tudo chão batido. As crianças corriam por cima, cachorros. Tinha gente querendo fazer garagem", contou à BBC Brasil.

Foi aí que o autônomo decidiu construir uma cerca para proteger os canteiros. O material usado foi todo encontrado no lixão: fios elétricos, arames e muitas garrafas plásticas.

Meses depois, Zé Fininho já está retirando as cercas de alguns pontos.

"Agora, as plantas já cresceram".

O governo também colaborou recentemente para reforçar as credenciais sustentáveis da Rocinha com a abertura da chamada "Fábrica Verde".

O projeto de reciclagem de material eletrônico visa a capacitar jovens para realizar manutenção e reparos de computadores e, ao mesmo tempo, reaproveitar micros "aposentados".