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Nem só a nudez é castigada: livro reúne fotos censuradas pelo Instagram

31/03/2017 13h05

O Instagram não censura apenas mamilos.

"Você não pode publicar fotos ou outros tipos de conteúdo que sugiram violência, nudez, nudez parcial, discriminação, atos ilegais, transgressões, ódio, pornografia ou sexo por meio do serviço", diz o termo de uso da rede social.

"Se você vir algo que possa violar as nossas diretrizes, por favor colabore com a gente usando a opção de denúncia. Temos uma equipe internacional que analisa essas denúncias e age rapidamente para remover os conteúdos que violam nossas normas", afirma outro trecho.

Mas para a modelo, fotógrafa e artista sueca Arvida Byström, essas regras estabelecem uma espécie de "censura moderna".

Ao lado da artista digital porto-riquenha Molly Soda, Byström começou a coletar imagens vetadas pela rede social, fazendo uma convocação por meio da plataforma para que os usuários enviassem suas "imagens censuradas".

Com o material compilado, elas publicaram o livro Pics or it didn't happen: images banned from Instagram ("Se você não fotografou, não aconteceu: imagens banidas do Instagram", em tradução livre).

"Não surpreendentemente, essas políticas (do Instagram) têm sido uma fonte de tensão e debate para muitas pessoas criativas que usam a rede social como uma forma de expressão pessoal", diz o prefácio da publicação.

A maioria das imagens é de mulheres.

Algumas são artistas visuais em ascensão, como a canadense Petra Collins ou a argentina Amalia Ulman. Também se destacam a poeta indiana Rupi Kaur e a fotógrafa britânica Harley Weir.

O livro abrange uma variedade de temas - de fotos de menstruação até imagens de relações sexuais e nudes -, "desafiando os limites das normas das redes e convenções sociais ", acrescenta o prefácio.

Quando a BBC questionou o Instagram sobre a polêmica da censura de mamilos, a justificativa foi: "trata-se de encontrar um equilíbrio entre permitir que as pessoas se expressem de forma criativa e manter o Instagram como um ambiente divertido e seguro".

Tanto Soda quanto Arvida ficaram conhecidas por meio do Tumblr, plataforma digital em que podem ser compartilhados todos os tipos de imagens.

"Há anos acompanho o trabalho de Arvida pela internet. Acho que ela tem um olhar muito bom para criar belas imagens e brinca sempre com a confusão, algo que eu amo", disse Soda à revista digital Refinery29.

A jovem diz que foi "interessante" coletar as imagens proibidas pelo Instagram e conta que "não se surpreendeu tanto" pelo fato de haver tantas sobre mulheres.

"Os corpos femininos são mais sexualizados e mais propensos a serem censurados", afirma.

Algumas imagens tratam dos pelos do corpo feminino e da aceitação ou rejeição a certos tipos de corpos em relação a outros.

A compilação aborda também temas relacionados a outros grupos, como transexuais e negros.

"O livro vai além do feminismo. É sobre a internet e sobre como a sociedade percebe os corpos e a maneira como regulamos isso", afirmou Molly Soda ao jornal britânico The Independent.

"O feminismo é diferente para uma mulher negra, uma mulher gorda ou transexual. Este livro tenta destacar e entender essa ideia."

A BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, entrou em contato com o Instagram, que se recusou a comentar a publicação.