Quantos passos você dá por dia? Dados globais de celulares mostram que brasileiro anda pouco
Cientistas americanos usaram dados de smartphones em escala planetária para descobrir quão ativas as pessoas são.
Uma análise da Universidade de Stanford, nos EUA, com dados que equivalem a 68 milhões de dias de atividades minuto a minuto apontou que o número médio de passos que alguém dá por dia é de 4.961.
Hong Kong saiu em primeiro lugar no ranking com uma média de 6.880 passos por dia, enquanto a Indonésia ficou na lanterna, com 3.513. O Brasil ficou entre os últimos colocados - atingiu uma média de 4.289 passos diários.
O estudo também trouxe detalhes interessantes sobre formas de lidar com a obesidade.
Passo a passo
A maioria dos smartphones tem um acelerômetro que é capaz de gravar os passos de seus donos. Para o levantamento, os pesquisadores usaram dados anônimos de mais de 700 mil pessoas que usam o aplicativo de monitoramento de atividades Argus.
"O estudo é mil vezes maior do que qualquer estudo anterior sobre movimento humano", disse Scott Delp, um professor de bioengenharia e um dos pesquisadores envolvidos.
"Há pesquisas incríveis sobre saúde, mas nosso novo estudo oferece dados de mais países, muito mais objetos e acompanha a atividade das pessoas de maneira contínua. Isso abre portas para novas formas de fazer ciência em uma escala muito maior do que fizemos antes."
Veja a lista completa de países avaliados:
País e número médio de passos
1. Hong Kong 6.880
2. China 6.189
3. Ucrânia 6.107
4. Japão 6.010
5. Rússia 5.969
6. Espanha 5.936
7. Suécia 5.863
8. Coreia do Sul 5.755
9. Cingapura 5.674
10. Suíça 5.512
11. República Tcheca 5.508
12. Reino Unido 5.444
13. Itália 5.296
14. Irlanda 5.293
15. Dinamarca 5.263
16. Hungria 5.258
17. Polônia 5.249
18. Noruega 5.246
19. Alemanha 5.205
20. Finlândia 5.204
21. Chile 5.204
22. França 5.141
23. Holanda 5.110
24. Turquia 5.057
25. Israel 5.033
26. Taiwan 5.000
27. Bélgica 4.978
28. Austrália 4.941
29. Canadá 4.819
30. Estados Unidos 4.774
31. Tailândia 4.764
32. Romênia 4.759
33. Portugal 4.744
34. México 4.692
35. Nova Zelândia 4.582
36. Emirados Árabes 4.516
37. Grécia 4.350
38. Egito 4.315
39. Índia 4.297
40. Brasil 4.289
41. Catar 4.158
42. África do Sul 4.105
43. Filipinas 4.008
44. Malásia 3.963
45. Arábia Saudita 3.807
46. Indonésia 3.513
Desigualdade de atividades
O estudo foi publicado na prestigiada revista científica Nature, e seus autores dizem que os resultados dão insights importantes para melhorar a saúde das pessoas.
O número médio de passos em um país parece ser menos importante para os níveis de obesidade, por exemplo.
O ingrediente principal para descobrir isso foi o índice de "desigualdade de atividade" - a diferença entre os mais ativos e os mais preguiçosos.
Quanto maior a desigualdade de atividade, maiores as taxas de obesidade.
"Por exemplo, a Suécia tem uma das menores desigualdades entre os ricos e os pobres em atividades e também uma das menores taxas de obesidade", diz Tim Althoff, um dos pesquisadores.
Os Estados Unidos e o México têm uma média parecida de passos, mas os americanos têm uma desigualdade de atividade e níveis de obesidade maiores.
Os pesquisadores também descobriram que a desigualdade de atividade também é influenciada pelas diferenças entre homens e mulheres.
Em países como Japão - com índices baixos de desigualdade e de obesidade - homens e mulheres faziam exercício em níveis parecidos.
Mas em países com desigualdade alta, como Estados Unidos e Arábia Saudita, as mulheres passavam menos tempo ativas.
"Quando a desigualdade de atividade é maior, a atividade das mulheres é muito mais reduzida que a dos homens e, portanto, as consequências negativas da obesidade podem afetar mais as mulheres.".
A equipe de Stanford diz que as descobertas podem ajudar a explicar padrões mundiais de obesidade e dar novas ideias sobre como lidar com o problema.
Por exemplo, eles avaliaram 69 cidades americanas em relação à facilidade para se locomover a pé.
Os dados dos smartphones indicaram que cidades como Nova York e São Francisco eram mais amigáveis para pedestres e tinham uma taxa alta de "caminhabilidade". Enquanto isso, em locais como Houston e Memphis, há "baixa caminhabilidade", o que leva as pessoas a precisarem de um carro para se locomover.
Previsivelmente, caminha-se mais em lugares onde é mais fácil andar.
Os pesquisadores dizem que isso pode ajudar a organizar as cidades para promover uma atividade física maior.
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