Avanço das investigações pode trazer general Ramos para a trama golpista
A prisão do ex-ministro Braga Netto neste sábado deixa claro que as investigações não vão poupar os generais. Mais do que isso. Segundo apurou a coluna, há mais um general quatro estrelas que deve ser implicado com o avançar as investigações: Luiz Eduardo Ramos.
Ex-ministro de Jair Bolsonaro, kid preto, paraquedista e muito próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Ramos estava conseguindo ficar de fora das manchetes policiais.
Segundo fontes que acompanham a investigação, porém, Ramos está sendo implicado por conta de outro general: Mario Fernandes, que foi preso em novembro por suspeita de tramar o plano de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.
Fernandes era secretário-executivo de Ramos na Secretária Geral da Presidência e os dois despachavam diariamente no Palácio do Planalto. O celular do general preso, segundo apurou a coluna, traz uma série de mensagens enviadas a Ramos, algumas que teriam teor golpista.
Ramos não responde à maioria delas, mas para fontes da Polícia Federal isso não significa que o ex-ministro não deliberasse com o subordinado. Ele recebia informes de Fernandes e depois tratava com o general pessoalmente.
Ramos gostava de exaltar sua lealdade e amizade com o ex-presidente. Costumava exibir fotos suas e de Bolsonaro do tempo do Exército e demonstrava empenho na defesa do então chefe.
Foi Ramos um dos idealizados da reunião com os embaixadores para contestar as urnas eletrônicas, que acabou culminando na inelegibilidade de Bolsonaro.
General vai delatar?
O advogado do general Mário Fernandes, Marcus Vinícius Figueiredo, nega a intenção de que ele faça uma delação premiada. Diz que eles entendem que existe a "possibilidade técnica e respeitosa de se defender".
Alguns militares ouvidos pela coluna dizem achar difícil que o general resolva mudar de ideia. No entanto, lembram que o tenente-coronel Mauro Cid, que era força especial e acostumado a lidar com pressão, também não resistiu à prisão e acabou fechando um acordo de delação - que, inclusive, ajudou a subsidiar a prisão de Braga Netto hoje.
Pelo menos uma fonte da caserna disse que não se espantaria se Fernandes mudar de ideia e decidir entregar ainda mais as intenções existentes no núcleo do governo Bolsonaro.
A coluna procurou o general Ramos, e aguarda resposta.
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