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Lula critica protecionismo da UE e pede fim da "arrogância"
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o protecionismo dos países ricos e alertou que o acordo entre o Mercosul e a UE, que vive um impasse, será também importante para o bloco europeu. Para ele, todas as partes precisam colocar de lado a "arrogância".
Numa coletiva de imprensa em Paris, onde ele participava de um evento convocado pelos franceses para debater uma nova estrutura de financiamento mundial, Lula deixou claro que a questão do acordo foi um dos temas que ele tratou no encontro privado com o presidente da França, Emmanuel Macron.
Hoje, a negociação vive uma crise depois que os europeus apresentaram condições para aceitar a abertura dos mercados agrícolas. O bloco exige o cumprimento de regras ambientais, com a possibilidade de que punições sejam adotadas. A atitude foi duramente criticada pelos brasileiros.
Ao mesmo tempo, o Brasil não quer ceder e abrir seu mercado de licitações públicas de forma indiscriminada, argumentando que iria ampliar a desindustrialização do país.
"Não é o protecionismo que vai ajudar", disse Lula. O presidente lembrou que, a partir dos anos 80, potências defendiam que os mercados fossem abertos e que o livre comércio se transformasse nas regras.
Mas lamentou que, hoje, quando os emergentes se fortalecem, a tendência é outra. "Quando chega a vez de os emergentes competir, os ricos viram protecionistas", disse.
Para ele, é "normal" que Macron queira proteger seus agricultores. Mas também insistiu que não iria abrir mão do capítulo de licitações públicas. Segundo Lula, isso levaria "a possibilidade de fortalecer industria nacional a chegar a zero".
Sua esperança, porém, é de outros pontos possam avançar e que um acordo possa ser encontrada até o final do ano.
Arrogância
Para Lula, porém, não se trata apenas de uma oportunidade para o Mercosul. "Nós precisamos fazer o acordo com a UE e a UE precisa muito de nós", disse. "A Europa não pode ser a fatia de mortadela diante da relação entre EUA e China", afirmou, numa alusão à disputa entre as superpotências e a posição de vulnerabilidade dos europeus.
Lula ainda defendeu que "todos os lados" adotem uma postura que "deixe a arrogância de lado e coloquem bom senso para negociar".
O brasileiro ainda sinalizou que vai falar com partes da ala da esquerda francesa que, na semana passada, votou no Legislativo em Paris contra o acordo com o Mercosul.
"Macron ele tem dificuldade no Congresso. E se pudermos conversar com nosso amigos mais à esquerda, nos vamos fazer", disse.
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