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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A bola da economia retorna aos pés de Haddad

 O Antagonista
Imagem: O Antagonista

Colunista do UOL

15/02/2023 09h22

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O ministro Fernando Haddad (Fazenda) informou que a revisão da meta de inflação, defendida por Lula, não está na pauta do Conselho Monetário Nacional desta quinta-feira. Na lógica do futebol, é como se Lula, depois de invadir a pequena área do Banco Central, chutasse para fora diante de uma trave sem goleiro. O lance veio depois da entrevista em que Roberto Campos Neto fez acenos pacificadores e insinuou que a mudança da meta teria o efeito de um gol contra.

A meta de inflação para 2023 esta fixada em 3,25%. Os defensores da revisão, como Lula, argumentam que a meta estaria muito baixa. Nesse entendimento uma elevação da meta de inflação facilitaria a redução dos juros. Campos Neto argumenta que a providência teria efeito contrário do que o pretendido. Como dispõe de maioria no Conselho Monetário, o governo poderia ignorar a opinião do chefe do BC, se quisesse. Preferiu não correr riscos.

A irritação de Lula com a taxa de juros de 13,75% ao ano continua. Os ataques a Campos Neto não deixarão de existir. Apenas foram terceirizados ao PT. Mas o recuo em relação à ideia de mudar a meta de inflação tem um efeito prático significativo: a bola da economia retornou aos pés de Fernando Haddad. A questão agora é saber o que ele pretende fazer com ela. De saída, precisa entregar a nova regra para o controle dos gastos públicos. Antecipou o anúncio para março.

Haddad esteve com Lula nesta terça-feira. Depois do encontro, celebrou o fato de Campos Neto ter reconhecido na entrevista ao Roda Viva que a pasta da Fazenda vem tomando medidas na "direção correta". Como os resultados virão, disse ele, a taxa de juros logo será reduzida para "um patamar adequado, para não comprometer o crescimento da economia e a geração de emprego". O ministro mostrou-se confiante de que chegará a "um bom entendimento" com o chefe do BC.

O Conselho Monetário Nacional volta a se reunir em junho. Até lá, o país saberá se o "entendimento" entre os responsáveis pela política fiscal e pela estratégia monetária evoluiu para uma tabelinha ou para as caneladas.