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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Itamaraty exclui Venezuela da pauta do Mercosul

Colunista do UOL

03/07/2023 10h41

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O Brasil assume nesta terça-feira a presidência rotativa do Mercosul. A novidade será formalizada durante a 62ª cúpula dos presidentes dos países que integram o bloco. A reinserção da Venezuela no Mercosul, defendida por Lula, não foi incluída pelo Itamaraty na pauta do encontro. Optou-se por privilegiar o acordo comercial com a União Europeia e as investidas da China para firmar parcerias paralelas com Argentina e, sobretudo, Uruguai.

A participação da Venezuela no Mercosul foi suspensa em agosto de 2017 por ruptura da ordem democrática. Decisão unânime. Nessa época, dava as cartas no Planalto Michel Temer.

No final de maio, Lula convidou o ditador Nicolás Maduro para um encontro de presidentes latino-americanos, em Brasília. Declarou que a ditadura venezuelana não passa de "narrativa" de adversários.

Lula foi contestado pelo presidente do Uruguai, Lacalle Pou, que classificou a manifestação como "tentativa de tapar o Sol com o dedo". Não se deu por achado. Na semana passada, questionado sobre o apoio a Maduro, disse que a democracia é relativa.

A conjuntura tornou ainda mais inconveniente o debate sobre Venezuela. Com o prestígio roído pela crise econômica, Alberto Fernández assiste como espectador à eleição do sucessor em outubro. A realidade privou-o de pleitear a reeleição. No Paraguai, o recém-eleito Santiago Peña assumirá a Presidência apenas em agosto.

Contra esse pano de fundo, os protagonistas da cúpula do Mercosul serão Lula e Lacalle Pou. Na visão da diplomacia, que traz a maciez no nome, a inclusão da Venezuela na pauta soaria como provocação. Há outras prioridades.

A urgência mais óbvia envolve a discussão de uma resposta conjunta do Mercosul às exigências adicionais feitas pela União Europeia para a aprovação do acordo entre os dois blocos. Lula tachou as pré-condições de inaceitáveis. Avalia que a resposta será mais eloquente se for endossada pelos demais países.