Acusação de Marinho é mais grave do que a de Moro. E as notas de PF e PGR
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A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República se manifestaram sobre a acusação feita por Paulo Marinho. Diz a PF:
A Polícia Federal esclarece, em relação à matéria 'PF antecipou a Flávio Bolsonaro que Queiroz seria alvo de operação', na edição online da Folha de SP, na data de ontem (16/5), o que segue:
A Polícia Federal se notabilizou por sua atuação firme, isenta e imparcial no combate à criminalidade, dentro de suas atribuições legais e constitucionais.
A matéria jornalística em questão aponta a eventual atuação em fatos irregulares, de pessoa alegadamente identificada como policial federal, no bojo da denominada operação "Furna da Onça".
A referida operação policial foi deflagrada no Rio de Janeiro em 08/11/2018, tendo os respectivos mandados judiciais sido expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2° Região, por representação do Ministério Público Federal, em 31/10/2018, portanto, poucos dias úteis antes da sua deflagração.
Esclarece-se, ainda, que notícia anterior, sobre suposto vazamento de informações na operação "Furna da Onça", foi regularmente investigada pela PF através do Inquérito Policial n° 01/2019, que encontra-se relatado.
Todas as notícias de eventual desvio de conduta devem ser apuradas e, nesse sentido, foi determinada, na data de hoje, a instauração de novo procedimento específico para a apuração dos fatos apontados.
A Procuradoria-Geral da República, por sua vez, informa:
"O procurador-geral da República analisará o relato junto com a equipe de procuradores que atua em seu gabinete em matéria penal."
COMENTO
Em nome da precisão, lembro que a entrevista de Mônica Bergamo com Paulo Marinho está nas edições online e impressa da Folha de S. Paulo.
A PF não deixa claro o tipo de investigação que decidiu abrir: se inquérito — pode fazê-lo por iniciativa própria, sem ser demandada pelo Ministério Público — ou uma sindicância interna. Se de fato já fez alguma coisa, deve ter optado pelo segundo caminho, à espera da decisão da Procuradoria-Geral da República.
Quanto à PGR, dizer o quê? Com a mesma celeridade com que Augusto Aras anunciou que pediria autorização ao STF para abertura de inquérito — depois que Sergio Moro fez seu pronunciamento —, pode agora anunciar que pedirá para que as informações de Marinho sejam agregadas ao dito-cujo, dando ensejo a novas diligências.
Afinal, as afirmações feitas pelo empresário são muito mais graves do que as feitas por Moro. Elas acusam não só um conluio entre um braço da PF e um candidato, que se elegeu presidente, como apontam para uma interferência indevida, ainda que indireta, no próprio processo eleitoral.
Aras pode deixar de lado a modéstia. Não há tergiversação possível, sob pena se submeter a PGR ao mais arreganhado interesse político.
A entrevista de Marinho é uma espécie de fio que pode desfazer um emaranhado.