Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Coluna na Folha: Na democracia, é preciso que ideias tenham consequências
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Que coisa! Luiz Fux, presidente do Supremo e do Conselho Nacional de Justiça, fez um pronunciamento nesta quinta alusivo ao 7 de Setembro. Não se refere apenas aos 199 anos de Independência. É claro que o repúdio à convocação para o golpe de Estado, que vai ganhar as ruas na terça, está na raiz de sua fala. E temos de ler e ouvir, então, o óbvio, mas necessário: "Num ambiente democrático, manifestações públicas são pacíficas; por sua vez, a liberdade de expressão não comporta violências e ameaças". Devemos, sim, absorver, com atenção, as lições que nos são ministradas pelo professor Jair Messias Bolsonaro. Não aprendemos apenas por intermédio do pensamento que nos fascina. O repúdio é um instrumento poderoso para estabelecer certas balizas. Atração e repulsa são parceiros inseparáveis, opostos e combinados. É fundamental, também na política, a definição clara do que não queremos para que possamos estabelecer a hierarquia das coisas que desejamos.
(...)
Parte considerável do capital acordou para os riscos e ensaia o desembarque, dada a gravidade do quadro, inclusive econômico. O movimento é ainda acanhado. O Estado, independentemente de quem o comande, é forte o bastante no país para intimidar o empresariado. Eis aqui uma agenda que deveria nos ocupar, de olho no futuro. Em vez disso, estamos debatendo a captura da ordem legal por arruaceiros e golpistas. Infelizmente, o "crime como liberdade de expressão" e a "liberdade de expressão como crime" não contaminam apenas fascistoides do bueiro do capeta em que se transformaram as redes sociais. Há certa dificuldade, mesmo em inteligências arejadas, para entender que as ideias têm consequências. Que seus partidários as vocalizem. Mas que arquem com as... consequências.
Íntegra aqui