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Tales Faria

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Papa Francisco teria um ataque se visse Kelmon usando a batina no debate

Colunista do UOL

30/09/2022 17h11

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A cena foi lastimável: o presidente Jair Bolsonaro (PL) passa por trás da cadeira do candidato Padre Kelmon (PTB), senta-se ao seu lado e os dois trocam papeis que, muito provavelmente, serviram como instruções para algumas perguntas do debate presidencial da TV Globo, na madrugada desta sexta-feira, 30.

Depois, Bolsonaro e Kelmon trocam entre si perguntas e respostas elogiosas, em geral com críticas ácidas ao principal adversário do presidente, o petista Luiz Inácio Lula da Silva. O padre atuou abertamente como linha auxiliar de Bolsonaro.

Indignada, a candidata Soraya Thronicke (União Brasil) chegou a perguntar se Kelmon não temia ir para o inferno, já que estava cumprindo um papel de "candidato laranja" do chefe, no caso o presidente da República.

À boca pequena, os bolsonaristas festejaram o fato de Lula ter, supostamente, caído "na armadilha do padre". Até alguns petistas avaliam que o ex-presidente teria "derrapado" ao bater boca com Kelmon, embora de forma geral tenha se saído bem no debate.

Não, Lula não derrapou, nem caiu numa armadilha. Ele agiu de caso pensado.

Ajudou a senadora Thronicke a desmascarar Kolmen. Usou de propósito uma expressão bíblica para classficar o candidato. Chamou-o de "fariseu", um tipo religioso judeu do século 2 AC visto como hipócrita pelos demais judeus.

O uso da batina num debate político é, de fato, uma atitude hipócrita que os verdadeiros católicos desaprovam.

Acho que até o papa Francisco, representante máximo da cristandade, seria capaz de sentir-se agredido pelo envolvimento e uso de um símbolo religioso como a batina num debate político televisivo. Um desrespeito mesmo.

Lula apelou para a aversão milenar dos verdadeiros religiosos à hipocrisia. Kelmon saiu do debate desconstruído, ridicularizado em memes na internet.