Cuba não tem apenas duas faculdades de medicina
Lucas Teixeira Borges
Colaboração para o UOL
29/11/2018 04h00
Uma mensagem compartilhada via internet tem questionado o número (e a formação) dos médicos cubanos enviados ao Brasil pelo programa Mais Médicos.
Em meio à polêmica saída de Cuba do programa, anunciada no dia 14 de novembro, o texto indica que o número de profissionais formados no país anualmente e a quantidade enviada para o Brasil não batem.
Segundo a postagem, há apenas duas universidades com o curso de medicina em Cuba, a Universidade de Havana e a Elam (Escola Latino-Americana de Medicina). A primeira supostamente forma 200 profissionais por ano e a segunda, 100 – o que daria um máximo de 300 novos médicos por ano.
Para reunir 6.000 médicos, seria necessário juntar todos os médicos formados nos últimos 20 anos”, afirma a mensagem. “E que teriam de estar disponíveis para vir trabalhar no Brasil.
FALSO: Cuba não tem apenas duas universidades de medicina
Este é mais um boato envolvendo o Mais Médicos. Cuba não tem apenas duas universidades de medicina, mas 20, todas públicas e espalhadas pelo país.
Ao todo, o país caribenho tem mais de 40 instituições de ensino superior, 13 só na capital, Havana. Delas, 19 oferecem o curso de medicina, de acordo com o Ministério da Saúde cubano, além da Escola Latino-Americana de Medicina, citada na mensagem.
A Universidade de Havana, também citada, foi a primeira instituição a oferecer o curso, no século 18.
Como no Brasil, o curso tem duração de seis anos em tempo integral e a residência pode variar de dois a quatro anos.
Não há dados precisos do governo de quantos médicos são formados anualmente no país, mas estima-se que haja entre 30 mil e 50 mil estudantes de medicina atualmente. Só o Brasil, nos últimos cinco anos, recebeu cerca de 20 mil destes profissionais.
O governo cubano salientou ainda que já formou milhares de estudantes estrangeiros. “Em Cuba, formaram-se de maneira gratuita 35 mil profissionais da saúde de 138 países, como expressão de nossa vocação solidária e internacionalista”, divulgou o Ministério da Saúde, por meio de nota.
As instituições de saúde do país também refutam os questionamentos sobre a qualidade de seus formandos. “Nossos profissionais de saúde estão bem formados, têm dignidade, ética profissional e altruísmo, só duvida quem deseja o mal para seu povo”, declarou a Universidade de Ciências Médicas de Havana, em apoio à decisão do país de deixar o Mais Médicos.