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É falso que TSE tenha anunciado voto online para as eleições de 2020

Imagem: Arte UOL

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

20/10/2020 04h00

Não é incomum que correntes que circulam pelas redes sociais desvirtuem informações verdadeiras para criar um contexto falso. É o que acontece com um vídeo que afirma que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) adotará votos online nas eleições deste ano.

Segundo a autora do vídeo, o TSE preparou "uma surpresinha" para as eleições deste ano: a possibilidade de votar pelo computador ou pelo celular. "É o fim das urnas eletrônicas e o caminho para que os votos estejam online", diz o vídeo.

Segundo a narradora, esta mudança já será feita para as eleições de novembro. "Parece conspiração, parece história de filme, mas é a realidade. [Estamos] entregando o domínio, entregando informações, deixando tudo nas plataformas digitais e online."

Ainda de acordo com o vídeo, mais de 30 empresas teriam se inscrito no edital. Entre elas, multinacionais como Amazon e IBM.

TSE não adotará voto pelo celular neste ano

O vídeo usa informações verdadeiras, divulgadas pelo TSE neste mês e publicadas inclusive pelo UOL, para criar uma notícia enganosa. O tribunal eleitoral não anunciou o fim das urnas nem adotará voto online para esta eleição.

O que o TSE divulgou, no final de setembro, foi um edital para um projeto chamado "Eleições do Futuro", que chamou empresas para apresentarem propostas de "soluções de evolução do sistema eletrônico de votação".

Segundo o TSE, o objetivo é iniciar "estudos e avaliações para eventual implementação de inovações no sistema eletrônico de votação" —e não, como diz o vídeo, acabar com as urnas eletrônicas e instituir o voto online, "como surpresinha", já para essas eleições.

"O TSE não adotou nenhuma mudança no sistema de votação para as eleições deste ano e não haverá qualquer teste em novembro", explicou o tribunal por meio de nota de esclarecimento divulgada na última quarta (14).

O edital foi lançado no dia 28 de setembro e, de fato, mais de 30 empresas se inscreveram —entre elas multinacionais como a Amazon. Isso foi amplamente divulgado, inclusive pelo UOL.

Primeiro turno terá apenas demonstração das tecnologias

No dia 15 de novembro, data em que acontece o primeiro turno, o TSE não começará testes de voto online. O órgão abriu a possibilidade de as empresas interessadas fazerem demonstrações gratuitas das suas tecnologias em três cidades: São Paulo, Curitiba e Valparaíso de Goiás (GO).

Sandro Vieira, juiz auxiliar da presidência do TSE e coordenador do "Eleições do Futuro", explicou ao UOL como o projeto vai funcionar.

"No dia da eleição, três empresas montarão estandes em cada local de votação. O eleitor que quiser participar da simulação receberá as orientações para votar", explicou Vieira. "O TSE acompanhará os resultados."

Segundo o juiz, não haverá restrições para o uso da tecnologia. A empresa pode oferecer uma opção de voto só pelo computador, ou só por tablet, por celular ou isso tudo. Queremos conhecer as opções do mercado."

"Depois da eleição, todas as demonstrações serão avaliadas pelo TSE, que, então, decidirá se adotará ou não alguma inovação no sistema de votação", declarou o TSE, em sua nota de esclarecimento. Não há prazo para essa decisão ser tomada.

Critério é que tecnologia não afete sigilo do voto

O foco do vídeo é o quanto a tecnologia de voto online afetará a segurança do sigilo do voto. Este, no entanto, é o principal critério para a adoção da nova tecnologia.

Para o TSE, os programas apresentados precisam preenchem três requisitos: identificação do eleitor por biometria digital ou facial, sigilo de voto e tenha mecanismos de auditoria.

"Sigilo e auditoria são coisas aparentemente incompatíveis, mas já é possível diante do desenvolvimento tecnológico que temos", afirmou o coordenador do projeto ao UOL.

"O TSE não considerará qualquer proposta que torne inseguro o processo de votação ou ameace o sigilo do voto", explica o órgão.

O UOL Confere é uma iniciativa do UOL para combater e esclarecer as notícias falsas na internet. Se você desconfia de uma notícia ou mensagem que recebeu, envie para uolconfere@uol.com.br.

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