Não é verdade que casamentos heterossexuais sejam crime na Finlândia
Letícia Mutchnik
Colaboração para o UOL, em São Paulo
12/09/2023 04h00
Não é verdade que o casamento heterossexual seja um crime na Finlândia, como diz post que circula nas redes sociais. A publicação distorce dois casos em julgamento no país para corroborar com a falsa narrativa.
Segundo a Corte finlandesa, as acusações em questão não se tratam de defender o casamento heterossexual tradicional, mas de desrespeitar pessoas por suas orientações sexuais.
O que diz o post?
"Você defende o casamento tradicional? Na Finlândia, isso já é considerado crime de ódio", diz o texto sobreposto a uma imagem de um homem e uma mulher se casando.
"Defender preceitos cristãos pode render um processo por "discurso de ódio" e "agitação étnica". Você sabia? A pena para isso passa por prisão, censura nas redes sociais e uma multa de dezenas de milhares de euros. Esta é a realidade na Finlândia, país membro da União Europeia. O caso está acontecendo com a legisladora Päivi Räsänen, que usou versículos bíblicos para defender o casamento tradicional entre homens e mulheres nas redes sociais, dizendo que os formatos LGBT (sic) de família são inconciliáveis com as escrituras. Um bispo Luterano chamado Juhana Pohjola, que a citou, está sendo julgado pelo mesmo motivo", diz a legenda.
Por que é distorcido?
Em resposta ao UOL Confere, a Corte finlandesa informou que o post é desinformativo. "As informações que circulam nas redes sociais não são corretas", disse o órgão. No país, o casamento heterossexual não é considerado crime de ódio.
Ainda, segundo a corte, a acusação contra a parlamentar Päivi Räsäsen e o bispo luterano Juhana Pohjola é sobre o fato dos dois difamarem ou insultarem homossexuais por conta de suas orientações sexuais.
Difamar ou insultar um grupo com base na raça ou orientação sexual, entre outros. pode ser considerado agitação étnica, sancionada pelo Código Penal Finlandês, capítulo 11, seção 10 (aqui).
Päivi Räsänen havia escrito um panfleto sobre estruturas familiares LGBT e as escrituras religiosas. O material foi mantido na internet - em site não especificado pela corte finlandesa - e "segundo o promotor, contém trechos que atendem ao crime" de difamação ou insulto com base na raça ou orientação sexual.
A corte reforça que a acusação contra o bispo e a parlamentar "não se trata de defender o casamento heterossexual tradicional ou de afirmar que a estrutura familiar LGBT é incompatível com as escrituras, ambas legais e aprovadas na Finlândia".
Viralização. O post foi compartilhado no Instagram em 4 de setembro. Até a tarde de ontem (11), o post soma 129,6 mil curtidas e 4 mil comentários.
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