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Notícia sobre 'mortes por vacina' é de 2018 e não tem relação com a covid

20.dez.2023 - Reportagem de 2018 é sobre mortes causadas por reação à vacina da febre amarela, e não da covid-19 Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução Facebook

Leonardo Rodrigues

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/12/2023 19h18

Um trecho de uma notícia veiculada na TV Globo é usado de maneira distorcida para induzir que as "mortes por vacina", relatadas na reportagem, têm relação com os imunizantes contra a covid-19.

Porém, na realidade, a notícia é de 2018 e trata de efeitos adversos provocados pela vacina contra a febre amarela.

O UOL Confere considera distorcidos conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.

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A checagem foi sugerida ao UOL Confere pelo WhatsApp (11) 97684-6049).

O que diz o post

Um trecho do telejornal SP1, exibido pela TV Globo na Grande São Paulo, é acompanhado de três textos sobrepostos à imagem: "O importante era tirar o Bolsonaro", "Aí sim" e "Ué, quando o Bolsonaro falava que a vacina tinha riscos, a esquerda diziam que ele era contra a vacina".

O apresentador César Tralli diz: "Gente, é importante lembrar que a vacina tem, sim, contraindicações e riscos à saúde. O Secretário Municipal da Saúde aqui de São Paulo, Wilson Pollara, me confirmou agora há pouco por telefone que duas pessoas já morreram aqui em São Paulo depois de tomar a vacina, um homem e uma mulher. Os médicos suspeitam que eles estavam com a imunidade baixa. Outras três mortes de pessoas que tomaram as vacinas também estão sendo investigadas. Todas essas pessoas tomaram a vacina de outubro para cá".

No trecho utilizado no post desinformativo chega a aparecer rapidamente "Vacina da febre amarela" no canto inferior do vídeo. Porém, a frase é substituída - de forma grosseira - por "Vacinas matam".

Nas publicações, compartilhadas no Instagram e no Facebook, usuários reforçam o questionamento às vacinas e o apoio ao ex-presidente. Um deles chama o imunizante de "experimento" e diz que Bolsonaro "sempre teve razão". Outro alega que, quando o político "dizia isso [alertava para supostos riscos da vacinação], era chamado de genocida".

Por que é distorcido

Vídeo é de 2018. O trecho original foi localizado em uma busca simples no Google com a frase, que aparece no canto inferior do vídeo, "2 pessoas morreram depois de tomar a vacina aqui na Capital" acompanhada de "SP1", que é o nome do programa (veja aqui).

Mortes relatadas no programa foram causadas por reação à vacinação contra a febre amarela, não contra a covid-19, que ainda não existia (veja aqui). No começo do vídeo chega a aparecer rapidamente a palavra "Vacina da Febre Amarela", que, no post desinformativo, é alterada depois.

A notícia foi editada. A íntegra da reportagem tem 3 minutos e 15 segundos, enquanto o trecho utilizado no post desinformativo tem 40 segundos. No vídeo original, Cesar Tralli faz referência à febre amarela, o que foi cortado na publicação desinformativa. Veja a fala completa de Tralli (em destaque os trechos cortados):

Gente, é importante lembrar o seguinte: só deve tomar essa vacina contra a febre amarela quem for viajar ou mora em área de risco. A vacina tem, sim, contraindicações e riscos à saúde. O Secretário Municipal da Saúde aqui de São Paulo, Wilson Pollara, me confirmou agora há pouco por telefone que duas pessoas já morreram aqui em São Paulo depois de tomar a vacina, um homem e uma mulher. Os médicos suspeitam que eles estavam com a imunidade baixa. Outras três mortes de pessoas que tomaram as vacinas também estão sendo investigadas. Uma delas deve se confirmar mais um homem. Todas essas pessoas tomaram a vacina de outubro para cá. Cesar Tralli, durante SP1 de 2018

A imunização contra a febre amarela é indicada para pessoas entre nove meses e 59 anos, de acordo com o Ministério da Saúde (veja aqui).

Vacina contra a covid não é "experimento". Até a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovar o uso emergencial da CoronaVac e da AstraZeneca (veja aqui), em janeiro de 2021, elas foram aprovadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e passaram por "testes, pesquisas e processos rigorosos que atestaram sua segurança e eficácia", explica o Ministério da Saúde (veja aqui).

Benefícios da imunização superam os riscos. Segundo a pasta, a maior parte das adversidades causadas pela vacinação contra a covid-19 não foi grave e há mais riscos em contrair a doença do que em se imunizar (veja aqui).

O conteúdo também foi checado pelo Estadão Verifica (aqui).

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

5 dicas para você não cair em fake news

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