Boechat, Clóvis Rossi, Mugabe, Henry Sobel: as mortes que marcaram 2019
Do UOL, em São Paulo
31/12/2019 04h01
Em 2019, o jornalismo brasileiro perdeu alguns de seus principais nomes, como Ricardo Boechat, Clóvis Rossi e Paulo Henrique Amorim. O ano também foi marcado pelas mortes de lideranças internacionais, como os ex-presidentes Alan García (Peru), Robert Mugabe (Zimbábue) e Jacques Chirac (França).
Nomes de expressão da vida pública nacional, como os ex-governadores Alberto Goldman e Geraldo Bulhões, além do rabino Henry Sobel, também faleceram neste ano. Veja na lista abaixo um pouco mais sobre a trajetória de cada um deles.
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Imagem: 20.fev.2018 - Eduardo Knapp/Folhapress Imagem: 20.fev.2018 - Eduardo Knapp/Folhapress Ricardo Boechat
O jornalista Ricardo Boechat morreu em 11 de fevereiro, aos 66 anos, após um acidente de helicóptero em São Paulo. Boechat teve uma trajetória de mais de 40 anos na profissão. Depois de passar por redações de grandes jornais brasileiros, tornou-se âncora da Band e da BandNews FM. Ficou conhecido por adotar um tom direto e informal, combinando crítica, humor e informação. Ele era casado e pai de seis filhos. Leia mais
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Imagem: Cris Bouroncle/AFP Photo Imagem: Cris Bouroncle/AFP Photo Alan García
Acusado de ter recebido propina da Odebrecht, o ex-presidente peruano Alan García atirou na própria cabeça quando a polícia tentava prendê-lo, em abril. García governou o Peru por dois mandatos (1985-1990 e 2006-2011). Em carta deixada antes do suicídio, o político disse que não tinha por que "sofrer essa injustiça e esse circo". Leia mais
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Imagem: Jorge Araújo/Folhapress Imagem: Jorge Araújo/Folhapress Geraldo Bulhões
Político de longa trajetória em Alagoas e deputado federal nas décadas de 1970 e 1980, Geraldo Bulhões foi um dos protagonistas de uma crise que abalou o núcleo político do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Em 1990, Bulhões disputou -- e venceu -- a eleição para o governo de Alagoas contra Renan Calheiros, antes aliado dele e de Collor. Rompido com a dupla, Calheiros aderiu ao impeachment de Collor, enquanto Bulhões foi um dos poucos que insistiu em defender o então presidente. Geraldo Bulhões morreu em maio, aos 81 anos.
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Imagem: Reuters Imagem: Reuters Mohammed Mursi
Mohammed Mursi foi o primeiro presidente eleito no Egito, em 2012, após a queda do ditador Hosni Mubarak, decorrente da Primavera Árabe. Mursi era líder da Irmandade Muçulmana, movimentou que voltou a ser banido no país depois que ele foi deposto pelo Exército, em 2013, em um golpe militar apoiado por grande parte da população. Ele morreu em junho, aos 67 anos, depois de desmaiar em um tribunal. Leia mais
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Clóvis Rossi
Decano da Redação da Folha de S. Paulo, o jornalista Clóvis Rossi ganhou alguns dos maiores prêmios do jornalismo das Américas, como o Maria Moors Cabot, da Universidade de Columbia, e o da Fundação Nuevo Periodismo Ibero-Americano, criada por Gabriel García Márquez. Acompanhou presidentes brasileiros, Copas do Mundo e Olimpíadas. Rossi morreu em junho, aos 76 anos, quando se recuperava de um infarto. Leia mais
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Lee Iacocca
Lee Iacocca foi um dos nomes mais importantes da indústria automobilística dos EUA. Na Ford, foi dele a autoria do projeto do Mustang. Como presidente da Chrysler, livrou a empresa da falência. Morreu em julho, aos 94 anos. A família não divulgou a causa da morte. Leia mais
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Imagem: Adriana Elias/Folhapress Imagem: Adriana Elias/Folhapress Paulo Henrique Amorim
O jornalista Paulo Henrique Amorim começou na profissão ainda nos anos 1960. Ganhou o prêmio Esso, um dos mais importantes do jornalismo brasileiro, na década de 1970. No UOL, comandou o pioneiro UOL News entre 2000 e 2004. Enfrentou processos na Justiça por parte de colegas de profissão, que o acusaram de ofensas. Desde 2003, fazia parte da Record -- de onde foi afastado em um momento no qual criticava duramente o governo de Jair Bolsonaro. Amorim morreu em julho, aos 76 anos, após infarto fulminante. Leia mais
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Imagem: Victor R. Caivano/AP Imagem: Victor R. Caivano/AP Fernando de la Rúa
O ex-presidente argentino ficou marcado por comandar o chamado "corralito", bloqueio de saques bancários que levou a uma revolta popular no país no fim de 2001. Naquele momento, a Argentina atravessava uma grave crise econômica. O processo culminou com a renúncia do político, que deixou a Casa Rosada de helicóptero. De la Rúa morreu aos 81 anos, em julho. Leia mais
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Imagem: Jorge Araújo/Folhapress Imagem: Jorge Araújo/Folhapress Alberto Goldman
Ex-governador de São Paulo pelo PSDB, Alberto Goldman iniciou sua carreira política nos anos 1950, no PCB. Lutou contra a ditadura militar (1964-85) e teve vários mandatos como deputado estadual e federal. Desde o ano passado, Goldman passou a protagonizar embates públicos com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que chegou a tentar expulsá-lo do partido. Goldman morreu em setembro, aos 81 anos. Leia mais
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Imagem: Raquel Cunha/Folhapress Imagem: Raquel Cunha/Folhapress Francisco de Oliveira
Um dos mais importantes nomes das ciências sociais no Brasil, Francisco de Oliveira integrou o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e foi perseguido e torturado pela ditadura militar. Um dos fundadores do PT, nos anos 1980, o sociólogo se afastou da legenda depois que Lula assumiu a Presidência da República. Para Oliveira, Lula "despolitiza a questão da pobreza". O sociólogo morreu em julho, aos 85 anos. Leia mais
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Imagem: Jekesai Njikizana/AFP Imagem: Jekesai Njikizana/AFP Robert Mugabe
Um dos mais conhecidos e longevos líderes africanos, Mugabe sintetizou as contradições da política do continente após os movimentos que romperam com o colonialismo europeu: de militante perseguido e herói da independência de seu país, o Zimbábue, tornou-se um ditador violento que destruiu uma economia promissora para não perder o poder. Acabou destituído por um golpe militar em 2017, depois de 37 anos no poder. Morreu em setembro, aos 95 anos. Leia mais
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Imagem: Charles Platiau/Reuters Imagem: Charles Platiau/Reuters Jacques Chirac
Presidente da França por dois mandatos, acumulando 12 anos no cargo (1995-2007), Chirac resistiu à pressão dos EUA e do Reino Unido para entrar na Guerra do Iraque. Ele também foi o primeiro presidente francês a reconhecer o papel do país na deportação de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Morreu em setembro, aos 86 anos, após um longo período de deterioração de sua saúde. Leia mais
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Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress Lázaro de Mello Brandão
O banqueiro dedicou 76 anos ao Bradesco, que foi o maior banco privado do país por décadas. Comandou o conselho de administração do banco por quase 30 anos, de 1990 a 2017, e foi interlocutor frequente de políticos. Morreu em outubro, aos 93 anos. Leia mais
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Imagem: Mastrangelo Reino/Folhapress Imagem: Mastrangelo Reino/Folhapress Henry Sobel
Nascido em Portugal e criado nos EUA, Sobel viveu mais de 40 anos no Brasil. Por aqui, teve papel decisivo no combate à ditadura militar. Ao lado de dom Paulo Evaristo Arns e do pastor Jaime Wright, reuniu informações sobre tortura e torturadores que deram origem ao livro "Brasil: Nunca Mais". Em 1975, na época mais violenta da ditadura, Sobel se recusou a sepultar o jornalista Vladimir Herzog como suicida, desafiando a versão oficial do regime sobre a morte -- de fato, Herzog morreu após ser torturado por militares. O rabino morreu em novembro, aos 75 anos. Leia mais
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Imagem: Reprodução/Wikipedia Imagem: Reprodução/Wikipedia Alba Zaluar
Especialista em estudos sobre pobreza, cultura popular, tráfico de drogas e violência doméstica, a antropóloga Alba Zaluar foi uma das principais referências da sociologia e da antropologia no Brasil. Nos anos 1980, sua tese de doutorado "A máquina e a revolta", que virou livro, foi pioneira na abordagem de quadrilhas de traficantes. O campo do estudo foi a Cidade de Deus, no Rio, e um dos entrevistadores de sua equipe era o futuro escritor Paulo Lins -- cujo livro "Cidade de Deus" foi adaptado para o cinema no filme de mesmo nome. Alba morreu em dezembro, aos 77 anos. Leia mais