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Disputa entre sindicatos deixa 900 mil passageiros da Grande Vitória sem transporte

Isabela Bessa<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Vitória

30/06/2010 13h18

Moradores de cinco municípios da Grande Vitória, no Espírito Santo, estão sem transporte coletivo desde a madrugada desta quarta-feira (30) devido a uma disputa entre dois sindicatos da categoria de motoristas de ônibus que reivindicam a legitimidade de representar o grupo no município de Vila Velha. De acordo com o Sindirodoviários (Sindicato dos Trabalhadores e Transportes Rodoviários no Espírito Santo), que detém a representatividade em nível estadual, os trabalhadores não estariam aceitando a negociação salarial realizada pelo Sintrovig (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Vila Velha e Guarapari). Cerca de 900 mil pessoas são prejudicadas pela paralisação.

Segundo o motorista de Vila Velha Josadaqui Pereira, a suspensão integral dos serviços foi organizada pelos próprios motoristas, e ganhou o apoio dos colegas dos municípios vizinhos. "Ninguém sabe quem é essa diretoria do Sintrovig, não houve assembleia para decidir o aumento. Os trabalhadores querem ser representados pelo Sindirodoviários", pontuou Josadaqui, que é diretor de base do sindicato.

O diretor destacou que o Sindirodoviários foi chamado apenas para dar suporte ao movimento, mas que orientou os trabalhadores a cumprir a decisão concedida nesta terça-feira (27) pela Justiça do Trabalho que reconheceu a legitimidade do Sintrovig nesta negociação que resultou num aumento de 7,79% para a categoria, nos salários e vale-alimentação. A decisão final sobre a legitimidade do Sintrovig, entretanto, ainda será analisada pelo Tribunal Regional do Trabalho do Espírito Santo (TRT-ES) .

Na última segunda-feira (28), os trabalhadores retiraram de circulação os ônibus de Vila Velha, deixando sem transporte público cerca de 150 mil usuários.

Pontos lotados

No início da manhã, os pontos de ônibus chegaram a ficar lotados, mas a população percebeu que estava sem transporte e teve que procurar outras alternativas para chegar ao trabalho. Os terminais de passageiros amanheceram fechados e motoristas foram impedidos de sair com os carros. De acordo com o diretor-executivo do GV-BUS (Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória), Elias Baltazar, alguns carros que conseguiram sair tiveram os pneus cortados ou esvaziados.

"Temos uma liminar que determina a circulação de 50% da frota e preparamos nova ação para que possa ser reestabelecida a integralidade do funcionamento do sistema. Também vamos acionar os sindicatos pelos prejuízos causados. A decisão sobre a base territorial de atuação do sindicatos sairá da Justiça e esse é o âmbito no qual eles devem restringir a disputa, não levando a paralisação para a população", sustentou Elias Baltazar.

O diretor do sindicato patronal destacou que o GV-BUS levou a liminar às garagens e terminais, para que a frota de ônibus voltasse à normalidade, mas, segundo ele, havia problemas com a segurança pública, com a presença de um pequeno efetivo da Polícia Militar para controlar a irredutibilidade dos trabalhadores. Há relatos de motoristas e cobradores que foram obrigados a descer dos coletivos. Administrativamente, as empresas estudam a possibilidade de cortar o ponto dos funcionários que participam da paralisação, considerada abusiva e ilegítima.

Para o presidente do Sintrovig, Wallace Belmiro, o Sindirodoviários não estaria aceitando a negociação realizada em Guarapari e Vila Velha. "Eles não aceitam a decisão da Justiça. Conseguimos um bom reajuste para o trabalhador e isso está incomodando", frisou. De acordo com Belmiro, o Sintrovig teria orientado os trabalhadores a trabalhar normalmente nesta quarta-feira, mas pediu para que não houvesse confrontos.

Uma nova reunião no TRT, nesta tarde, tentará solucionar o impasse.