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Com indulto de presos e ataques recentes, polícia de SP está em alerta para Dia dos Pais

Arthur Guimarães<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

05/08/2010 07h30

Inquietas desde os recentes ataques ao comando do grupo de elite da Polícia Militar e precavidas com a saída temporária de muitos presidiários neste Dia dos Pais, as autoridades policias de São Paulo estão em alerta para evitar problemas para a população neste próximo final de semana.

Como assumiram policiais ao UOL Notícias, os delegados da Polícia Civil já foram orientados, por escrito, a informar ao Cepol (central da polícia) qualquer ocorrência que envolva ataque a prédios públicos ou ações criminosas de vulto que atentem contra a ordem pública.

Além disso, segundo estas mesmas fontes que não quiseram se identificar, como tradicionalmente acontece na época de indultos do sistema carcerário, os homens da Polícia Civil de todo o Estado ficam de prontidão para enfrentar um aumento na criminalidade.

“Sai muita gente, e sabemos que uma parcela não volta para a cadeia e outra aproveita inclusive para praticar crimes nas ruas. Como sempre, redobramos o cuidado porque é comum um pequeno aumento nas ocorrências”, afirmou um delegado que ocupa cargo estratégico na polícia paulista.

Os ataques recentes

A sede da Rota (Rondas Tobias de Aguiar), espécie de tropa de elite da Polícia Militar paulista, no bairro da Luz, foi alvo de um atentado a tiros às 3h30 de domingo (1). O autor dos disparos foi morto a tiros por policiais. Menos de 17 horas antes, por volta das 11h de sábado, o chefe da corporação, o tenente-coronel Paulo Adriano Lopes Telhada, 48, escapou de outro atentado. Ele saía da garagem de sua casa, na região da Freguesia do Ó (zona norte de SP), quando o passageiro de um Corsa abriu o vidro do carro e disparou 11 vezes. Ele se abaixou e saiu ileso. Inicialmente, especulou-se que os ataques poderiam ter sido comandados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), mas as autoridades do Estado e até especialistas rechaçam tal afirmação.

Se as estatísticas da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) seguirem as projeções, cerca de 20 mil presos devem ser liberados para visitar suas famílias, em um período máximo de sete dias, dependendo da decisão dos juízes das Varas de Execuções Criminais de São Paulo.

Recebem tais benefícios somente presos que cumprem pena no regime semiaberto. Além disso, só são agraciados aqueles que já pagaram um sexto da pena (primários) ou um quarto dela (reincidentes). Aqueles que tiveram faltas disciplinares não podem sair.

Pelos dados da SAP, neste ano, os presos do Estado já receberam o indulto três vezes. No feriado de Ano Novo, 23.331 foram liberados, sendo que 1.985 não voltaram para a prisão (8,5%). Na Páscoa, 17.240 receberam o benefício, mas 1.296 (7,5%) preferiram permanecer ilegalmente nas ruas.

No Dia das Mães, as proporções foram similares, o que leva a crer que o mesmo deve acontecer no próximo final de semana: 22 mil detentos foram agraciados com a benesse, mas 1.222 (7,52%) não retornaram para as celas. Para efeito de comparação, no último Dia dos Pais, em 2009, 21.577 presos ganharam a liberdade temporária, sendo que 1.351 (6,2%) aproveitaram para fugir.

As autoridades não têm cálculos precisos para saber quantos dos fugitivos foram posteriormente recapturados. De toda forma, sempre que o preso deixa de voltar ao presídio, ele passa a ser considerado foragido da polícia e, se detido novamente, voltará para o sistema carcerário em regime fechado e perderá os benefícios.

Não há motivo para preocupação, diz SSP
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que a população não precisa se preocupar com ataques ou aumento da criminalidade. O órgão reiterou que o indulto é um direito do preso e que a grande maioria dos beneficiados segue as regras legais.

Além disso, a pasta afirmou que os recentes episódios envolvendo ataques à Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) estão sendo investigados com rigor e que o setor de inteligência da polícia está focado em evitar novas ocorrências do tipo.