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Webjet tem 40 voos cancelados em mais um dia de problemas na companhia

Passageiros aguardam posição sobre voos atrasados no balcão da Webjet - de Gomes/Futura Press
Passageiros aguardam posição sobre voos atrasados no balcão da Webjet Imagem: de Gomes/Futura Press

Do UOL Notícias*<br> Em São Paulo

28/09/2010 08h32Atualizada em 28/09/2010 18h12

Os problemas nos voos da Webjet continuam nesta terça-feira (28). Segundo a Infraero, que administra os aeroportos do país, dos 99 voos programados pela companhia até as 18h, 40 (ou 40,4%) foram cancelados e 19 (19,2%) estavam atrasados.

Ontem, após um dia de caos na empresa, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) suspendeu a venda de bilhetes da empresa até sexta-feira (1). Durante todo o dia, foram registrados atrasos e cancelamentos de voos. 

Nesta terça-feira, a Webjet informou que a situação de hoje é diferente da que foi registrada ontem, porque o cancelamento desses voos já havia sido previsto ao longo de setembro e os passageiros foram avisados com antecedência.

Segundo a assessoria da empresa, quando o número de horas de voo da tripulação foi excedido, esses voos foram cortados e os passageiros tiveram o dinheiro reembolsado ou foram transferidos para voos da Gol e da Tam. Por isso, de acordo com a companhia, a situação nos balcões "é normal".

No Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, no entanto, ainda há tumulto. A média de atraso dos voos chega a uma hora e os dois cancelamentos da manhã já tiveram seus realocamentos confirmados, informou um funcionário da empresa no Aeroporto Santos Dumont.

O passageiro José Faro, de 34 anos, disse que chegará atrasado em seu compromisso em Belo Horizonte. O pesquisador afirma que foi avisado do cancelamento do voo no momento do embarque e que foi realocado em um voo da empresa Gol, quase três horas depois. Ele conta que essa não é a primeira vez que tem problemas com a Webjet. No mês passado, em um voo pela mesma empresa, Faro teve de esperar por mais de cinco horas para poder embarcar. Segundo ele, a empresa está deixando tanto funcionários quanto clientes insatisfeitos.

Fiscalização
A Anac reforçou a fiscalização e ressaltou que medidas mais severas poderão ser tomadas ao longo da semana "se a situação não for equacionada pela empresa". A Webjet afirmou que vai acatar a determinação da Anac e que "vem trabalhando para normalizar a situação de seus voos o mais rápido possível".

A companhia também disse que os cancelamentos de ontem foram provocados porque a companhia foi obrigada a reduzir o número de voos na última semana de setembro para cumprir a lei nº 7.183, que regula os limites de trabalho dos aeronautas.

Pela lei, um tripulante de avião a jato não pode ultrapassar 85 horas de voo por mês, 230 horas por trimestre e 850 horas por ano, por questões de segurança operacional.

Em julho, a Webjet foi autuada pela Anac em R$ 225 mil por ter excedido a carga horária da tripulação.

Segundo a empresa, o problema na programação foi localizado em alguns aeroportos do país e cinco medidas foram tomadas para resolver a situação: reacomodação dos passageiros em voos da própria Webjet; reacomodação em voos de outras companhias aéreas; isenção total das taxas de remarcação normalmente aplicadas; reembolso das tarifas pagas pelas passagens e fretamento de aeronaves.

A companhia diz ainda que, devido ao forte crescimento da demanda, precisou remanejar passageiros. “Vale destacar que 90% deles foram avisados previamente, evitando deslocamentos desnecessários até os aeroportos”, afirmou nota da empresa.

Para atender às regras que limitam o trabalho dos aeronautas, a Webjet diz que está treinando 64 novos co-pilotos e 85 comissários, que estarão em atividade a partir de outubro.

Gol registrou mesmo problema
Em agosto, a Gol enfrentou problema semelhante. Mais da metade dos voos sofreram atrasos após um acordo feito entre a companhia e o Sindicato Nacional dos Aeronautas para que os tripulantes não ficassem sobrecarregados e excedessem o limite de horas de voos previsto por lei.

Em entrevista ao UOL Notícias, Graziella Baggio, da secretaria do sindicato, disse que já foram registradas pelo menos 600 denúncias de funcionários por excesso de jornada e falta de folga e que praticamente todas as companhias estão trabalhando fora do permitido por lei.

"Tanto não estão cumprindo a lei que as empresas foram obrigadas a parar. Os cancelamentos se deram por conta da fiscalização dentro da empresa. A determinação da Anac não estava sendo cumprida", ressaltou.

Para Baggio, se as empresas quiserem manter as horas voo, vão ser obrigadas a contratar mais tripulantes. "O setor está crescendo nos últimos anos e obviamente isso patrocina a contratação de mais trabalhadores. Mas, os empresários visam unicamente o lucro e trabalham com uma política de salários baixos. E a consequência disso é essa falta de tripulantes."

* Com informações da Agência Brasil.