Topo

Escola onde aluno foi assassinado em Embu das Artes (SP) convoca reunião de pais

Fachada da escola de Embu das Artes (SP) onde menino foi baleado no dia 29 - Rubens Cavallari/Folhapress
Fachada da escola de Embu das Artes (SP) onde menino foi baleado no dia 29 Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

01/10/2010 22h04

Após o assassinato de um aluno e a repercussão que o caso ganhou na mídia, a direção da Escola Adventista do Embu das Artes, na Grande São Paulo, convocou todos os pais para uma reunião às 10h de segunda-feira (4).

Com o agendamento do encontro, a retomada das aulas foi adiada para terça-feira. Todos os alunos do colégio estão dispensados desde quarta-feira (29), quando o menino Miguel Cestari Ricci dos Santos, 9, foi baleado em uma das classes.

"Informamos ademais que as aulas serão retomadas, normalmente, na próxima terça-feira e não na segunda-feira como inicialmente previsto", diz um trecho da nota oficial divulgada pelo estabelecimento de ensino.

Segundo a unidade educacional, todos os esforços para se elucidar o caso estão sendo tomados. "Todos os professores e demais funcionários que têm sido solicitados a prestar depoimento têm contribuído de modo voluntário para o sucesso das investigações. Além disso, todas as informações recebidas são imediatamente repassadas à polícia. Não é só. O prédio escolar tem sido deixado à disposição da perícia para as análises necessárias", afirma o texto enviado pela Escola Adventista.

O comunicado, no entanto, não traz novas informações sobre o caso. O colégio argumenta que "informações prematuras podem transformar vítimas da violência urbana em agentes da própria violência".

A escola voltou a divulgar que a família da vítima está recebendo "efetiva assistência psicológica e socioeconômica" e que , "no recinto escolar, estará disponibilizado aos demais alunos acompanhamento psicológico".

Por fim, os diretores do colégio dizem estar "ansiosos para chegar ao desfecho" do caso.

Bala de revólver
Um colega de turma de Miguel havia oferecido munição e até uma arma a ele, segundo a polícia, como informou reportagem da Folha.com.

De acordo com relato da mãe do garoto à Polícia Civil, o coleguinha ofereceu a munição dias antes da morte do menino. Quando soube, a mãe disse a Miguel para não se envolver, porque ele não precisaria de arma.

O autor do tiro e a arma utilizada contra o menino ainda não foram localizados, mas a polícia já sabe que a bala partiu de um revólver calibre 38 e foi disparada à queima roupa.

As primeiras perícias da Polícia Civil na sala de aula apontam que o local foi lavado antes mesmo da chegada das autoridades. Os testes realizados pelos peritos com o reagente químico luminol confirmam que a sala de aula foi limpa antes da perícia ter sido feita. O luminol revelou o local das manchas, já limpas.

Tiro
Ainda pela análise dos investigadores da Polícia Civil, peritos e médicos-legistas, é possível afirmar que o projétil que atingiu Miguel era velho, sem a potência de uma munição em estado de conservação normal.

O projétil disparado contra Miguel o atingiu no lado esquerdo do abdômen e ficou alojado perto de seus rins. Para a polícia, um outro aluno da turma de Miguel, que cursava a quarta série, pode ter atirado.

Ao todo, a turma de Miguel tinha 37 crianças --20 já foram ouvidas. Nos depoimentos dos alunos, segundo o delegado Carlos Cerone, existem contradições.

Para o delegado Marcos Carneiro Lima, chefe do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro SP), a escola precisa colaborar mais com as investigações.

"A escola está numa situação delicada, mas ela precisa colaborar. O garoto não morreu na hora que foi baleado. Quando foi para o hospital, ele estava consciente. Quem o socorreu deve ter perguntado o que aconteceu", disse.

Quem levou Miguel para o hospital foi o diretor da escola, Alan Fernandes de Oliveira. Em depoimento informal, Oliveira afirmou que o garoto não contou o que aconteceu.

No enterro, ontem, familiares questionaram o fato de o colégio não ter acionado o resgate e ter levado o menino em carro particular para hospital a 25 km da escola.

Caso seja comprovado que a arma que matou Miguel pertencia ao pai de algum aluno, ele será responsabilizado por negligência na guarda de armamento e, se condenado, poderá pegar de um a dois anos de prisão.

* Com informações da Folha.com