Topo

Durante velório, irmã diz que morte de professor é tragédia "injustificável"

Familiares se emocionam com a chegada de caixão com o corpo do professor assassinado - Rayder Bragon/UOL
Familiares se emocionam com a chegada de caixão com o corpo do professor assassinado Imagem: Rayder Bragon/UOL

Rayder Bragon<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Betim (MG)

08/12/2010 21h12Atualizada em 08/12/2010 21h50

A irmã do professor morto ontem por um estudante em Belo Horizonte disse que a morte representa para a família uma tragédia “injustificável”. Kassio Vinicius Castro Gomes, 39, foi morto a facadas pelo estudante Amilton Loyola Caires, 23, em um dos corredores do Instituto Metodista Izabela Hendrix, em Belo Horizonte. Sandra Angélica Castro Gomes afirmou durante o velório realizado na noite desta quarta-feira (8) que nenhum motivo “foi manifestado até agora que pudesse justificar a morte [do irmão]”.

Ela relembrou que a família passou por uma situação semelhante recentemente com a perda do pai, ocorrida em janeiro deste ano. Segundo ela, o pai, Maurílio Ferreira Gomes, 73, foi morto durante um assalto na cidade de Nova Viçosa (BA) em janeiro. “Nós ficamos da mesma forma que estamos agora, sem poder chegar a nenhuma conclusão.”

Segundo Sandra, a família ainda está em choque por ter perdido dois entes em menos de um ano. De acordo com ela, os filhos do irmão, que tem 5 e 6 anos, ainda não assimilaram a perda do pai. “Nós conversamos hoje com eles e, em um primeiro momento, eles choraram muito, mas cada um manifestou sua dor de maneira diferente”, disse aos jornalistas. Ela afirmou que as crianças vão levar uma rosa ao local para homenagear o pai, que será enterrado nesta quinta-feira (9), às 14h, no cemitério parque do Cachoeira, em Betim.

Em relação ao executor do irmão, Sandra disse que a família não quer vingança, mas deseja justiça. "Queremos acreditar que nós vamos semear a paz, mas nós queremos justiça, porque somos brasileiros. Queremos que o assassino seja julgado e condenado", ressaltou.

Sandra reclamou do tratamento dispensado pela instituição de ensino à família. Segundo ela, ninguém entrou em contato "para saber como a família está". "Nesse sentido, eu fiquei muito chateada porque se nós não tivéssemos o apoio da Prefeitura de Betim, nós estaríamos desamparados. Porque nós não estamos conseguindo nem raciocinar", declarou.
 
Durante o velório, familiares, alunos e amigos da vítima bateram palmas. A mãe e a mulher da vítima ficaram ao lado do caixão e choraram por diversas vezes.

Prisão

O autor do crime foi preso em flagrante por policiais militares na madrugada desta quarta-feira, quando chegava de táxi à sua casa, localizada no bairro União, na capital mineira. Ele depôs durante a madrugada no Departamento de Investigações de Minas Gerais. No início da tarde, foi levado ao IML (Instituto Médico Legal) para fazer exames e, em seguida, seria encaminhado ao Ceresp São Cristovão, de acordo com a assessoria da polícia. 

Um advogado que se apresentou como amigo da família do estudante disse hoje que o rapaz sofre de transtorno bipolar e esquizofrenia. Segundo Nelson Rogério de Figueiredo Leão, por conta do quadro clínico, o universitário era submetido a acompanhamento psiquiátrico. “Ele é uma pessoa juridicamente irresponsável (pelos atos)”, disse Leão.

O delegado do caso já afirmou que, no decorrer das investigações, poderá ser avaliada a necessidade de pedido de exame de sanidade mental.