Polícia de Campo Mourão (PR) investiga relação entre quadrilha presa por tráfico e festa na delegacia
A Polícia Civil de Campo Mourão (noroeste do Paraná) investiga a suposta relação entre uma festa comandada por presos da delegacia da cidade, com o apoio de dois auxiliares carcerários, e a quadrilha de 17 pessoas presas em operação semana passada por crimes como associação para o tráfico, tráfico de drogas, roubo e assassinato. A festa teria sido realizada na própria delegacia.
A investigação de que agentes teriam auxiliado presos na entrada de drogas, comida e bebidas alcoólicas na festa –realizada, admite a Polícia Civil, no final de dezembro– gerou dois mandados de prisão na tarde desta segunda-feira (10) contra os profissionais que já haviam sido afastados. A polícia não revelou os nomes de ambos.
De acordo com o delegado-chefe, José Aparecido Jacovós, a denúncia de corrupção dos agentes acabou atrasando o início dos depoimentos do inquérito instaurado semana passada para apurar os crimes da quadrilha –pelo qual, já adiantou, cerca de 50 pessoas serão ouvidas.
Entre as presas está a jornalista Maritânia Forlin, que, segundo a polícia, se valia das facilidades de acesso a informações do meio policial --onde ela era repórter de TV-- para passar informações sobre operações policiais a integrantes da quadrilha que traficava cocaína, maconha e crack. Em troca, receberia "dicas" para coberturas policiais exclusivas, como homicídios.
Conforme o delegado, a jovem se relacionava com o apontado nas investigações como líder do grupo, Gilmar Tenório Cavalcanti, 35, também preso. O advogado da jornalista, Anderson Carraro, negou que ela soubesse que os integrantes da quadrilha, suas fontes de matérias jornalísticas, tivessem relação atual com o tráfico na cidade.
Festa
O delegado não especificou qual seria a relação entre os presos na operação da semana passada e aqueles que teriam subornado auxiliares de carceragem para a festa de fim de ano. Entretanto, afirmou que as duas partes –presos e integrantes da quadrilha– já vinham mantendo contato, por celular ou pela facilitação de carcereiros, “há um tempo”. As 17 prisões realizadas na quinta-feira passada (6) aconteceram após três meses de escutas telefônicas.
"A quadrilha que ‘caiu’ na operação é a mesma dos presos que estão usando celular. Mas afastamos os funcionários corruptos, já que soubemos do caso por uma matéria em TV, e acreditamos que essa foi uma ação para desestabilizar a operação que nós fizemos, mas que envolve a mesma quadrilha", afirmou.
O UOL Notícias procurou a Secretaria de Estado da Segurança (Sesp), que preferiu deixar qualquer comentário a respeito do caso para o próprio delegado. Conforme a assessoria da Sesp, não há procedimento instaurado sobre a suposta festa nas dependências da delegacia.
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