Candiota 3 quer mudar a imagem das usinas térmicas a carvão no Brasil
A Usina Termelétrica (UTE) Candiota 3, que entrou em funcionamento no início do ano no interior do Rio Grande do Sul, queima menos carvão para produzir energia elétrica do que as demais térmicas em operação no Brasil. Além disso, a usina tem um sistema de tratamento das cinzas e do enxofre liberados na queima do carvão que dá mais eficiência na geração e torna o processo menos poluente.
O engenheiro e coordenador do projeto de Candiota 3, Hermes Ceratti Marques, afirma que é a mais moderna usina brasileira movida a carvão. A planta foi equipada com dessulfurizadores, câmaras que, a partir de um reagente, retém o enxofre liberado na queima do carvão. Um sistema de filtros de alta performance captura as cinzas produzidas. Segundo Marques,os modelos anteriores eram capazes de reter até 99,4%. Em Candiota 3, é possível reter até 99,9% das cinzas.
Com a tecnologia aplicada na usina, as emissões de poluentes caem drasticamente. A quantidade de enxofre liberado é quase 80% menor que a das demais usinas brasileiras a carvão. A emissão de grandes quantidades de enxofre na atmosfera causa o efeito conhecido como chuva ácida, altamente prejudicial à agricultura e à saúde das pessoas e dos animais.
A UTE gaúcha aperfeiçoou também o processo de queima do carvão e, por causa disso, é mais eficiente. Para a produção de 1 megawatt por hora (MWh) são queimados cerca de 900 quilos (kg) de carvão. As duas plantas mais antigas instaladas em Candiota (município a 350 quilômetros de Porto Alegre), que queimam o mesmo tipo de carvão que a unidade 3, precisam de cerca de 1,15 mil kg para gerar a mesma energia. Segundo Ceratti, esse “custo menor na produção da energia se traduz em uma tarifa mais barata [para o consumidor]”. A usina tem ainda um processo de tratamento e reutilização da água usada no processo industrial, que também reduz o impacto no ambiente.
Candiota 3 foi construída pela Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), com 75% do investimento financiado pelo banco chinês de fomento China Development Bank (CDB). A obra está avaliada em R$ 1,3 bilhão. A CGTEE fez um contrato comercial com empresa chinesa Citic Group para o fornecimento da usina e, também, para a transferência de tecnologia e assistência técnica, que é originalmente ocidental, mas que a China já domina há duas décadas. Todos os equipamentos usados na usina também são chineses.
A previsão de pagamento do investimento é de 10 anos, praticamente o mesmo tempo das demais usinas termelétricas a carvão do país. A presidenta Dilma Rousseff iria inaugurar a terceira planta de Candiota nesta sexta-feira (28), mas cancelou a viagem ao interior gaúcho.
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