Topo

Operários fazem protesto após queda de edifício em Belém (PA); buscas continuam

Sandra Rocha*<br>Especial para o UOL Notícias

Em Belém

31/01/2011 16h22

Após o desabamento de um prédio em construção em Belém (PA) no último sábado (29), uma manifestação reuniu cerca de mil operários da construção civil nesta segunda-feira (31). Mobilizados pelo sindicato, eles fizeram uma paralisação geral nos canteiros de obras de Belém e, em passeata, pediram mais segurança e cumprimento da jornada de trabalho.

Eles caminharam da sede do sindicato da categoria até o sindicato das indústrias da construção civil, ambos no bairro de Nazaré. Não houve registro de conflitos.

As buscas a dois operários dados como desaparecidos continuam na local do desabamento. Segundo informações do Corpo de Bombeiros do Estado, os dois desaparecidos eram operários que trabalhavam no momento do acidente. As equipes acreditam que eles são Manoel Raimundo da Paixão Monteiro e José Paulo Barros. Uma morte foi confirmada no domingo e, segundo a Defesa Civil, 194 pessoas ainda estão desalojadas.

O prédio de 32 andares ficava no Bairro Nazaré e estava em fase de acabamento. Promotores do Ministério Público do Estado informaram que o órgão não recebeu nenhuma denúncia referente a questões estruturais da obra. De acordo com informações do governo do Pará, o proprietário da Construtora Real Class, responsável pelas obras do edifício, negou qualquer irregularidade na construção. O empresário Carlos Lima Paes afirmou que a construtora vai aguardar o laudo sobre as causas do desabamento e que os familiares das vítimas serão indenizados.

Na manhã desta segunda-feira, o MP interditou a sede da empresa para que não seja retirado nenhum documento que possa comprometer as investigações.

Interdições

Parte das moradias no entorno do acidente foram interditadas. A medida foi tomada por precaução, já que, até o momento, a Defesa Civil não detectou nenhum imóvel com a estrutura comprometida devido ao desabamento do prédio. Alguns prédios perto do local do desabamento, entretanto, foram liberados para que as famílias pudessem retornar às suas casas, com exceção do edifício Blumenau, que continua isolado por suspeita de que sua estrutura esteja comprometida.

A moradora de um prédio no bairro, que também foi construído pela empresa Real Class, Mahira Paiva, afirmou que está com medo de voltar para casa. “Pretendo voltar só para pegar umas coisas, mas pretendo vender”, disse. Moradora do local há dois meses, ela acredita que terá dificuldades em vender o imóvel depois do acidente.

Histórico

O desabamento do prédio de 32 andares, que estava em construção, aconteceu no sábado (29) no bairro Nazaré. Os escombros atingiram quatro casas e pelo menos seis moradores tiveram ferimentos leves.

Segundo o subcomandante do Corpo de Bombeiros, coronel Mário Wanzeler, a forma como o prédio caiu, totalmente na vertical, denota que o problema ocorreu na base do imóvel. E também leva a crer que houve um afundamento do solo de cerca de três andares.

Até o momento, foi confirmada a morte de uma mulher, de 67 anos, cujo corpo foi retirado dos escombros por volta das 16h de ontem (30). Ela foi atingida em uma das casas vizinhas ao prédio. O corpo já foi reconhecido pela família.

Equipes e viaturas de todas unidades operacionais do Corpo de Bombeiros trabalham ininterruptamente na busca dos desaparecidos, com a ajuda de cães farejadores.

Dois equipamentos usados para localizar vítimas em acidentes de grandes proporções chegaram a Belém, no início da tarde de ontem, vindos direto do Paraná. Um deles, a almofada pneumática, consegue levantar 66 toneladas de escombros. A outra, denominada Delsar, ajuda a encontrar soterrados com sensores que conseguem detectar até a respiração humana. Segundo o Corpo de Bombeiros, o trabalho de remoção dos escombros deve durar cerca de duas semanas.

*Com informações da Rádio Nacional da Amazônia e da Agência Estado