Nova chefe da Polícia Civil do Rio define hoje últimos nomes da nova cúpula
A chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Martha Rocha, anuncia no final da tarde desta quinta-feira (17) o restante dos nomes que integrarão a cúpula da corporação. Empossada na última terça-feira (15), com a saída do delegado Allan Turnowski, a delegada anunciou ontem (16) quatro nomes da nova equipe e a manutenção do corregedor, Gílson Emiliano Soares. Antes da coletiva marcada para esse horário, no entanto, a delegada confirmou o nome do delegado Márcio Franco para o comando da departamento geral de Polícia Especializada. Ele era o titular da delegacia em Santa Tereza.
A delegada deixou para hoje o anúncio dos membros de outros três departamentos considerados estratégicos -- Departamento de Polícia da Capital, da Baixada Fluminense e do Interior. A chefia das Delegacias Especializadas era ocupada por Ronaldo Oliveira. Ele e o delegado Rodrigo Oliveira, subchefe operacional da Polícia Civil, haviam sido os dois primeiros nomes confirmados a deixar seus postos. Eles eram os dois principais colaboradores de Turnowski.
Segundo a assessoria da chefe da Polícia Civil, o anúncio dos nomes restantes será feito em coletiva às 17h, na sede da corporação. Durante esta amanhã, a agenda da delegada foi tomada por reuniões e conversas com a nova equipe.
Escolhidos
Dos nomeados ontem, dois eram ligados à Academia de Polícia (Acadepol): Sérgio Caldas, novo subchefe administrativo, foi ex-diretor da academia, já atuou na assessoria de planejamento da Polícia Civil e dirigiu o Departamento de Polícia da Capital; Luís Zettermann, novo chefe de gabinete, é ex-diretor da Divisão de Ensino da Acadepol e é ex-sub-corregedor da polícia.
Foi definida também a diretora da Acadpol: ficará no comando a delegada Jéssica Almeida, em substituição à delegada Fabíola Willis.
O novo sub-chefe operacional é o delegado Fernando Veloso, que comandava a 14ª DP (Leblon).
Sobre os critérios para as trocas, a delegada explicou: “O que pesou foi experiência, competência, seriedade. São pessoas que construíram uma carreira na polícia e têm uma trajetória que as qualifica”, disse adelegada, sobre os três nomes escolhidos. Ela também agradeceu aos que saíram: “São pessoas por quem eu tenho estima”.
Grupo de extermínio no Rio
Tamtém ontem, a Polícia Federal entregou ao secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, relatório que aponta suposto envolvimento de policiais civis e militares em grupo de extermínio.
Na investigação de desvio de armas e drogas, e vazamento de informações, a PF também se deparou com assassinatos cometidos ou acobertados por policiais.
Entre os crimes cometidos pela quadrilha estaria um atentado, em 2010, contra Rogério de Andrade, acusado de chefiar a máfia dos caça-níqueis na cidade. Uma bomba explodiu sob seu carro, matando seu filho de 17 anos e o deixando ferido.
Outro caso seria o da comerciante chinesa Ye Guoe, sequestrada em 2008 após trocar R$ 220 mil por US$ 130 mil numa casa de câmbio.
A investigação também aponta uma tabela de preços para a morte de políticos, policiais, empresários, promotores, juízes e outros.
A PF relata que a suposta quadrilha seria responsável por pelo menos sete mortes, entre elas a do presidente do camelódromo da Uruguaiana (centro), Alexandre Farias Pereira, e do ex-parlamentar Ary Brum, morto na Linha Vermelha, ambos em 2007.
Segundo a investigação, a morte de Pereira "se deve a uma intensa disputa pelo controle do camelódromo situado na rua Uruguaiana, poderoso centro revendedor de mercadorias falsificadas".
A PF aponta que o responsável pela segurança do camelódromo teria ligação com o delegado Allan Turnowski, à época chefe do Departamento de Polícia Especializada, e afastado da chefia da Polícia Civil nesta semana.
Crise
Turnowski deixou o cargo depois de uma conversa com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Desgastado com a operação Guilhotina, deflagrada sexta-feira passada (11) pela Polícia Federal (PF) e Ministério Público do Rio (MP-RJ) -- o delegado foi um dos primeiros a ser chamado à PF para prestar esclarecimentos --, o ex-chefe da polícia realizou na segunda-feira (14) uma varredura na Draco, chefiada pelo delegado Cláudio Ferraz, na qual disse ter encontrado irregularidades em inquéritos abertos e arquivados dois dias depois.
Homem de confiança de Beltrame, Ferraz ficou conhecido à frente da Draco pela atuação de combate às milícias -- justamente um dos focos de combate da Guilhotina. Um dos presos na operação, o ex-subchefe da Polícia Civil Carlos Oliveira, já foi o braço direito de Turnowski na corporação.
A nova chefe
Com 51 anos de idade e 28 deles dedicados à corporação, Martha Rocha foi uma das primeiras delegadas da polícia fluminense, onde começou a carreira como escrivã, em 1983. Foi subchefe da Polícia Civil, em 1999, e corregedora. E justamente a corregedoria interna da polícia, afirmou nessa terça, será um de seus focos de atuação, juntamente com a formação de novos policiais. Na entrevista concedida à noite na qual foi apresentada pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, já avisou: “O bom policial não teme uma corregedoria forte”.
A nova chefe da Polícia Civil era a titular da Dpam (Divisão de Polícia de Atendimento a Mulher), que coordena dez delegacias especializadas. No ano 2000, atuou no caso do sequestro ao ônibus da linha 174, que terminou com a morte da professora Geísa Firmo Gonçalves e do sequestrador Sandro do Nascimento. Na ocasião titular da 15ª DP (Gávea), a delegada acabou transferida para a delegacia da Barra, ao fim das investigações, no qual indiciou por homicídio culposo (sem intenção de matar) o então comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais), coronel José Penteado.
Tentativas de seguir carreira política também marcam o histórico da delegada. Em 2006, tentou, sem sucesso, uma vaga na Assembleia Legislativa do Rio. Antes, nas eleições municipais de 2004, a primeira derrota havia sido imposta quando foi vice na chapa de Jorge Bittar (PT).
* Com informações de Daniel Milazzo, Especial para o UOL Notícias no Rio de Janeiro, e da Folha.com
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