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Bahia faz diagnóstico sobre criminalidade e propõe dez delegacias para combater homicídios

Janaina Garcia<br>Do UOL Notícias

Em São Paulo

23/02/2011 07h00

As causas do aumento da criminalidade na Bahia nos últimos quatro anos são investigadas em um “estudo científico” realizado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado juntamente com as polícias Civil e Militar. Segundo dados da própria secretaria, o número de homicídios aumentou 50,7% neste período.

Segundo o diretor do departamento de Homicídios da Polícia Civil estadual, Arthur Gallas, o projeto está na fase final de elaboração e vai servir para definição de ações de cunho preventivo no Estado. “É um estudo científico para se tentar chegar ao perfil da vítima e, assim, nortear o nosso trabalho. Isso compreende também avaliação dos locais dos crimes e dias da semana e horários em que foram praticados, a fim de que tenhamos um diagnóstico da situação", afirmou.

De acordo com o diretor --que está há pouco mais de um mês no cargo, já que ele próprio foi uma das várias mudanças anunciadas pelo governo na Segurança Pública nos últimos meses--, a reversão no alto percentual de homicídios terá ainda investimentos em infraestrutura de investigação e perícia.

Sobre isso, Gallas citou um projeto de lei que está para ser encaminhado à Assembleia Legislativa, ainda neste semestre, no qual é proposta a criação de dez delegacias de homicídio inspiradas no modelo dos DHPPs (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) das capitais São Paulo e Recife. Hoje, apenas Salvador conta com esse tipo de estrutura.

“A proposta é que nessas delegacias, em todo o Estado, tenhamos equipes locais de crime treinadas e integradas com a perícia, mas tudo na mesma estrutura”, disse, para complementar: “Isso vai ajudar muito na elucidação de crimes e na produção de provas materiais nas investigações, pois nossos índices hoje não são satisfatórios”.

Conforme o diretor, o projeto defende a criação de 50 cargos comissionados para as futuras dez novas delegacias, mais um efetivo de 180 homens das polícias. “Sabemos que é preciso abrir concurso público para essa nova demanda, mas, nesse primeiro momento, o trabalho é mesmo para estruturar essas delegacias”, comentou.

Sobre o fato de o investimento --ainda não totalmente contabilizado-- estar direcionado contra homicídios, o diretor defende que outras práticas criminosas tenderão a recrudescer, com a queda e a solução de assassinatos.

“Sempre incomoda quando há um acréscimo das mortes por assassinato, porque toda a sociedade está sujeita a esse tipo de situação. Mas priorizar esse lado certamente coíbe crimes de menor ofensivo --por isso estamos já dando atenção também, com rigor, aos casos de ameaça e tentativa de homicídio, pois podem ser o assassinato de amanhã”, finalizou.