Após morte de casal, governo de Minas distribuirá cartilha sobre o uso de lareiras
A morte de um casal de universitários em uma pousada da Grande Belo Horizonte na última quinta-feira (17) levou o governo de Minas Gerais a preparar uma cartilha com recomendações para a utilização de lareiras. Com ajuda da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (Abih), o material será distribuído em estabelecimentos que recebem hóspedes em todo o Estado.
A polícia ainda não concluiu o inquérito sobre as mortes de Gustavo Lage Caldeira Ribeiro, 23, e Alessandra Paolinelli de Barros, 22, mas a principal linha de investigação é que eles foram intoxicados por monóxido de carbono. Laudo pericial divulgado na manhã de sábado (19) indicou a presença de carboxihemoglobina na concentração de 62% no sangue de Alessandra e de 68% em Gustavo.
Segundo peritos, a exposição por mais de uma hora a níveis superiores a 60% pode levar a morte rápida. O monóxido de carbono teria sido liberado durante a queima de lenha na lareira do aposento. Com porta e janelas fechadas, o casal pode ter sido intoxicado devido à falta de ventilação.
De acordo com o secretário de Turismo, Agostinho Patrus Filho, o governo decidiu se antecipar à conclusão do inquérito para garantir a segurança na temporada turística de outono-inverno. “Principalmente nos destinos montanhosos, como Monte Verde e outras cidades do Sul de Minas, além das tradicionais cidades históricas”, afirmou.
Serão produzidas aproximadamente 10 mil cartilhas, que serão distribuídas a partir da próxima semana em todos os empreendimentos hoteleiros, secretarias municipais de turismo de Minas Gerais e associações de circuitos turísticos do Estado. “Os proprietários dos estabelecimentos serão orientados a afixar, em local visível, o informativo com orientações para o usuário sobre a utilização destes equipamentos”, disse o secretário.
De acordo com o diretor de Assuntos Institucionais do Corpo de Bombeiros, coronel Matuzail, a contaminação por monóxido de carbono, nas mesmas circunstâncias encontradas na Pousada em Brumadinho, é um risco imperceptível, uma vez que o ar contaminado não possui odor ou cor.
“A utilização de lareira ou outro equipamento que produz gás necessita do que chamamos de ventilação cruzada, ou seja, que tenha entrada e saída de ar”, afirmou. O Corpo de Bombeiros alerta ainda que em casos de instalação destes equipamentos sem critérios técnicos, e sua utilização sem os cuidados adequados, pode ser fatal.
O conteúdo do material está sendo elaborado pelo Corpo de Bombeiros. A cartilha também será divulgada na internet. Para a presidente da Abih, Silvania Capanema, a população deve estar atenta aos riscos que corremos na utilização de lareiras. “Os mineiros não têm o hábito de utilizar lareiras. Por isto, vejo a necessidade deste assunto ser tratado com a importância que merece”, afirmou.
O caso
Os corpos de Gustavo e Alessandra foram encontrados na quinta-feira (17), sobre a cama de um dos chalés da pousada Estalagem do Mirante. O casal de universitários havia se hospedado na terça-feira (15) para comemorar um ano de namoro. Por não conseguir fazer contato, as famílias acionaram a polícia, que descobriu o paradeiro dos jovens dois dias depois, por meio de mensagens publicadas no Facebook.
Não foram encontradas marcas de violência nos corpos, nem sinal de arrombamento no quarto. A hipótese levantada de que tenha ocorrido um crime passional revoltou amigos e parentes do casal. Pessoas próximas aos jovens foram unânimes ao dizer que o relacionamento dos dois era extremamente afetuoso e nenhum deles teria motivo para praticar um crime.
O advogado da pousada Estalagem do Mirante, Fernando Júnior, afirmou que as investigações prosseguem e a polícia ainda não emitiu parecer conclusivo. Ele disse que todos os quartos do estabelecimento possuem cartilha de esclarecimentos sobre o uso dos equipamentos.
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