Topo

Em videoconferência nos EUA, pilotos do Legacy serão interrogados hoje sobre acidente da Gol

Paladino (terno) e Lepore voltam aos EUA em 2006 - Gilberto Tadday/Folhapress
Paladino (terno) e Lepore voltam aos EUA em 2006 Imagem: Gilberto Tadday/Folhapress

Arthur Guimarães<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

30/03/2011 08h00

Mais de quatro anos após o acidente com o voo Gol 1907 no Mato Grosso, a Justiça brasileira promoverá hoje (30) e amanhã o interrogatório de Joshep Lepore e Jan Paul Paladino, pilotos norte-americanos que conduziam o jato Legacy que se chocou contra o Boeing de passageiros em setembro de 2006, matando 154 pessoas.

Marcada para as 12h no Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, em Brasília, a participação dos estrangeiros no processo judicial será feita por videoconferência, unindo o Distrito Federal a Nova York.

Em uma conexão via internet, duas câmeras digitais – uma no Brasil e, outra, nos Estados Unidos – registrarão as imagens de cada um dos ambientes, transmitidas em tempo real na tela de televisões de 40 polegadas.

Toda a conversa entre os países será feita em inglês. Um tradutor ficará ao lado do juiz Murilo Mendes para traduzir suas perguntas e esclarecer quais foram as respostas dos pilotos, que são acusados de atentado contra a segurança do transporte aéreo nacional – a pena varia de um ano e quatro meses a quatro anos de prisão. Ambos estão em liberdade e voltaram a pilotar.

Do lado brasileiro, além do magistrado, que conduz o processo representando a Vara de Sinop (MT), estarão a procuradora da República Analícia Ortega Hartz Trindade, além de escrivães e assessores técnicos.

Os réus serão interrogados separadamente – um hoje e outro amanhã, em ordem ainda não conhecida – e sem intervenção dos advogados de defesa. Na ocasião, a dupla terá de responder questões sobre procedimentos que adotaram no dia do acidente.

Segundo o Ministério Público Federal, laudos periciais produzidos a pedido de familiares das vítimas apontaram que os pilotos omitiram a informação de que o jato não possuía autorização para voar em uma área tida como espaço aéreo especial e que os norte-americanos não ligaram em nenhum momento do voo o sistema anti-colisão (TCAS) do Legacy.

Controladores

Em depoimento à Justiça Federal ontem, os controladores de voo Jomarcelo Fernandes dos Santos e Lucivando Tibúrcio de Alencar negaram responsabilidade no acidente, segundo informações da Agência Estado. Eles estavam de serviço na hora do acidente na torre de Brasília e, devido a uma série de erros de procedimento, segundo as investigações, não conseguiram tirar o Legacy da rota de colisão com o Boeing, que vinha de Manaus na mesma altitude de 37 mil pés.

A asa do Legacy rasgou a fuselagem do Boeing, que caiu na floresta, na divisa do Mato Grosso com o Pará, matando os 148 passageiros e seis tripulantes. Avariado, o jato, fabricado pela Embraer, conseguiu pousar em segurança na base aérea da Serra do Cachimbo.

Os controladores entraram em contradição e o MP manteve a acusação de atentado à segurança do tráfego aéreo, por terem agido com "negligência e omissão", segundo informou a procuradora da República Amalícia Hartz. Se condenados, eles podem pegar de 2 a 5 anos de reclusão, além de multa.