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Interdição total do Playcenter não está descartada, diz representante do MP-SP

Dos oito feridos em falha do brinquedo Double Shock, no Playcenter, três ainda estão na UTI - Rubens Cavallari/Folhapress
Dos oito feridos em falha do brinquedo Double Shock, no Playcenter, três ainda estão na UTI Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

Janaina Garcia<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

06/04/2011 17h03

O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) admitiu nesta quarta-feira (6) que não descarta pedir a interdição total do parque de diversões Playcenter, na zona oeste da capital, após o segundo acidente grave em pouco mais de seis meses registrado no último domingo (3). Na ocasião, oito pessoas ficaram feridas ao cair de uma altura de quase sete metros no brinquedo Double Shock. Quatro ainda estão internadas no Hospital Metropolitano e sem previsão de alta. Três delas estão na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

“Não se trata mais apenas do interesse das vítimas, mas de toda a coletividade. Precisamos saber se o serviço que o parque presta é seguro ou não; se o problema foi de manutenção inadequada, de forma geral, ou apenas a esse brinquedo. De cara, o indício que (a sequência de dois acidentes) passa é a de que existe um problema maior”, afirmou o promotor Roberto Senise Lisboa, da promotoria de Defesa do Consumidor.

Atualmente, estão interditados o Double Shock e a montanha-russa Looping Star --onde houve o acidente que feriu 16 pessoas em setembro do ano passado. Em entrevista ao UOL Notícias, entretanto, Lisboa disse que “não está descartado” o pedido de interdição de todo o estabelecimento se as respostas pedidas ao parque e à Subprefeitura da Lapa (zona oeste) não forem convincentes quanto à segurança oferecida no local.

“Como já houve problema no ano passado, e agora este novo, achamos melhor instaurar o inquérito civil. Agora é analisar os elementos da polícia --especialmente o laudo do Instituto de Criminalística-- e as informações pedidas ao Playcenter e à Subprefeitura da Lapa, à qual perguntamos se a licença de funcionamento do parque está válida, para buscar criar um juízo de convicção”, afirmou o promotor.

Indagado se agentes ou funcionários públicos também podem vir a ser alvo de algum tipo de responsabilização pedida pelo MP uma vez constatada negligência na fiscalização do parque, Lisboa definiu: “Se houver indícios de que algum funcionário público negligenciou a atuação fiscalizatória, solicitaremos à Corregedoria da Prefeitura de São Paulo abertura de sindicância administrativa, certamemte”.

Internados e depoimentos

A assessoria de imprensa do Hospital Metropolitano informou que um dos internados foi submetido a cirurgia nesta manhã --trata-se de Daniele Aparecida Pansarin, 30, uma das pacientes na UTI e que teve de passar por uma operação para correção da fratura na perna esquerda. Ontem, Fábio Lima Pereira, 24, voltou ao hospital ao sentir náuseas e tontura. Conforme a assessoria, ele passa bem.

Ontem à tarde, dois jovens que caíram do Double Shock prestaram depoimento ao delegado que preside o inquérito, Marco Aurélio Batista, e disseram ter ouvido estalos segundos antes de a trava se abrir, no ar. Funcionários do parque, de acordo com o delegado --foram ouvidos dois trabalhadores da manutenção e três operadores--, também afirmaram que o brinquedo apresentou uma “anormalidade” cerca de três horas antes do acidente. Hoje, segundo informações do 23º DP (Distrirto Policial), em Perdizes (zona oeste), ninguém foi ouvido.

Outro lado

Representantes do parque foram procurados hoje para comentar as declarações do promotor de Defesa do Consumidor, mas a assessoria reforçou que a posição é a mesma dos dias anteriores --nos quais, por notas, o Playcenter negou existência de problemas antes do acidente.

Em nota, divulgada ontem à noite, o parque disse que, diferentemente da versão dos funcionários ao delegado, no domingo houve uma “vistoria” no Double Shock, mas “nenhuma intervenção técnica pela equipe de manutenção no equipamento”. “Entretanto, às 14h40, houve uma vistoria solicitada pelo operador, que nada apontou, não justificando a interrupção do funcionamento do equipamento”, afirma a nota.

Além do MP e da polícia, a Fundação Procon de São Paulo também abriu procedimento para investigar o parque: na segunda, o órgão emitiu notificação requistando documentos cujo prazo para entrega termina no início da próxima semana.