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Hospital diz que quatro feridos em tiroteio no Rio estão em estado grave; médicos voluntários chegam para ajudar

Claudia Dias<br>Especial para o UOL Notícias

No Rio de Janeiro

07/04/2011 12h35Atualizada em 07/04/2011 13h43

O Hospital Estadual Albert Schweitzer, no Realengo, no Rio de Janeiro informou que quatro pacientes estão em estado grave -- eles foram atingidos pelo atirador identificado como Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos. O rapaz disparou contra alunos, professores e funcionários na escola municipal Tasso da Silveira na manhã desta quinta-feira (7).

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, há 13 feridos (10 meninas e 3 meninos) em tratamento e três operações de pequeno porte foram realizadas e "bem sucedidas".

Não há, no entanto, lista oficial com o nome dos feridos nem os nomes dos mortos.

O hospital afirmou também que recebeu a ajuda de 15 médicos voluntários, que não estavam de plantão, para auxiliar no tratamento dos feridos. A secretaria informou ainda que estão prestando atendimento aos familiares das vítimas nove assistentes sociais e sete psicólogos, além de seis assistentes sociais do município. Por volta das 14h, um ônibus com 12 oficiais médicos da área de saúde (médicos, psicólogos e enfermeiros) da Polícia Militar chegou ao hospital.

As visitas a outros pacientes não relacionados ao massacre foram suspensas. Há parentes de outros internados que não estão conseguindo entrar e estão revoltados. Um policial, que faz a guarda do hospital, disse que só pode entrar no hospital quem veio buscar pacientes que tiveram alta.

Há muitos familiares, parentes e amigos das vítimas do atirador que matou 11 pessoas e se matou na escola municipal Tasso da Silveira, no mesmo bairro.

Muitos feridos foram transferidos para outras instituições, como o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, Hospital Universitário Pedro Ernesto, Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia e Hospital da Polícia Militar.

"Estamos primeiro fazendo o acolhimento das famílias. A pessoa tem que chorar, tem que passar esse momento de luto, que é um momento grande, e aí receber as orientações pertinentes e as providências a serem tomadas", disse Gláucia Pires, assistente social do hospital.

Gláucia disse que também se emociona muito. "Não há como se manter neutra", diz . "É inevitável não se comover. Mas a gente se mantém profissional", afirmou.

Revolta

A família de Jéssica Guedes Pereira, 15 anos, uma das vítimas do massacre, saiu do hospital revoltada. "O colégio tem dois portões enormes. Como ele conseguiu entrar no colégio? COmo ele entrou e consegiu fazer isso? Ele atingiu crianças de 12, 13 e 15 anos. Jéssia era uma criança muito calma, muito amiga que não saía para lugar nenhum. A gente não aceita isso", diz Camila Lopes, prima da vítima.

Jéssica tinha dois irmãos. O pai e a mãe estão no hospital e o corpo vai para o IML.

Valdir da Silva Oliveira, 48 anos, está em busca da sobrinha Ana Carolina, de 13 anos. "Se eu não encontrar ela aqui, vou procurar em outros hospitais", disse.

Ana Cristina Ferreira Muniz, 13 anos, estava na escola e não se machucou. Ela conseguiu sair da escola e foi pra casa, e agora está no hospital em busca de informações sobre a melhor amiga, Larissa.

A mãe de uma das sobreviventes, Andreia Tavares Machado, 32 anos, comerciante que mora em Realengo, disse que a filha levou três tiros: no braço, no abdômen e nas costelas. Segundo Andreia, a filha, Thayane Tavares Monteiro, 13 anos, não está sentindo as pernas e, por isso, foi transferida para o hospital Adão Pereira Nunes Thayane fazia atletismo e estava se preparando para competir.

Um menino de seis anos de idade, filho do sargento bombeiro Adriano Silva Damasceno, saiu do hospital com o braço enfaixado -- ao fugir do atirador, ele caiu e um prato quebrado cortou seu braço.

"Eu já a vi, conversei com ela, ela está falando e está consciente. Ela só contou que o cara entrou atirando na escola e ela não sabe porque ele fez isso. Ela tomou três tiros, tudo porque não tem um policiamento nos colégios. as crianças não têm segurança nenhuma. Mas quando vem presidente de fora, como quando veio o Obama, aparece um monte de polícia e um monte de gente. Mas o descaso com as crianças é muito grande. Pra que tanta polícia para o Obama? Como vai ser a volta dessas crianças para a escola?" Ela tem três filhas e duas estudam nessa escola, mas só Thayane foi à aula hoje.

A irmã de Samira Pires, 13 anos, uma das vítimas fatais do massacre, está em estado de choque. "Estava aqui desde cedo, mas só consegui identificá-la agora, por foto. A amiga que sentava ao lado dela na sala também morreu", disse Valéria Pires.

Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio, chegou ao hospital por volta das 13h40. "Vim aqui dizer para as famílias da nossa solidariedade na dor, no sofrimento e da nossa oração também. E da confiança de que, apesar da dor, a gente pensa que o mundo pode ser melhor", disse ao chegar ao hospital.

Sobre o atirador, Dom Orani disse: "Acho que ele também merece a nossa oração. É uma pessoa doente, desequilibra que infelizmente causou uma dor profunda e muito grande à nossa sociedade". O arcebispo disse que haverá uma missa na próxima quarta-feira, na escola Tasso da Silveira, em homenagem às vítimas.