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Escola em Realengo (RJ) promove atividades culturais no primeiro dia de aula após massacre

Hanrrikson de Andrade<br>Especial para o UOL Notícias<br>No Rio de Janeiro

18/04/2011 14h25

A escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, retomou suas atividades nesta segunda-feira (18) com oficinas culturais e artísticas. O objetivo é agilizar o processo de readaptação dos alunos antes do recomeço efetivo do período letivo, previsto para o dia 9 de maio. Poucos jovens estiveram no colégio, que há 11 dias foi palco de uma chacina que deixou 12 alunos mortos e outros 12 feridos.


Os estudantes da oitava série começaram a chegar por volta de 13h e muitos se impressionaram com o reforço da segurança no entorno da unidade educacional. Homens e mulheres da Polícia Militar e da Guarda Municipal ficaram posicionados dentro e fora do colégio. Mais cedo, a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, visitou a escola para conversar com professores e psicólogos que estão de prontidão no local.

O estudante Danilo Hotz, 14, chegou ao colégio logo que os portões foram abertos e disse que ainda não conseguiu esquecer a tragédia do dia 7 de abril, quando o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira invadiu a escola armado e disparou mais de 60 tiros contra os alunos da instituição.

"Vou tentar esquecer o que aconteceu. Eu conhecia quase todos os que morreram, a Jéssica já tinha estudado na mesma sala. Ainda não consegui superar", disse.

Já Marcos Paulo, 14, afirmou que ainda não esqueceu do momento em que viu o corpo do assassino na escada. Ele comentou que inicialmente não queria retornar ao colégio, mas foi incentivado pelo irmão mais velho, que já fora aluno da escola Tasso da Silveira. "Meus irmãos me ajudaram muito. Se eu entrar na escola, talvez consiga superar", resumiu.

Segundo Costin, as salas do primeiro andar nas quais Wellington Menezes de Oliveira matou 12 crianças foram transformadas em uma biblioteca e um laboratório de ciências. A secretária disse que o governo municipal vai atender todos os pedidos dos pais das vítimas e que uma equipe de psicólogos trabalhará permanentemente no colégio Tasso da Silveira. Além disso, um posto de primeiros socorros será instalado dentro da unidade educacional.


Costin disse ainda que, das 999 crianças e adolescentes matriculados na escola, apenas 17 já solicitaram transferência. Segundo ela, os próprios alunos serão os responsáveis por "reinventar a escola".

"Essas mudanças não teriam impedido a tragédia, mas esse episódio serviu para que a gente melhorasse a segurança e colaborasse no enfrentamento do trauma", finalizou.

Entenda o caso

No dia 7 de abril, por volta de 8h30, Wellington Menezes de Oliveira entrou na escola Tasso da Silveira, em Realengo, dizendo que iria apresentar uma palestra. Já na sala de aula, o jovem de 23 anos sacou a arma e começou a atirar nos estudantes.

Segundo testemunhas, o ex-aluno da escola queria matar apenas as alunas virgens. Wellington deixou uma carta com teor religioso, onde orientava como queria ser enterrado e deixando sua casa para associação de proteção de animais.

O ataque, sem precedentes na história do Brasil, foi interrompido após um sargento da polícia, avisado por um estudante que conseguiu fugir da escola, balear Wellington na perna. De acordo com a polícia, o atirador se suicidou com um tiro na cabeça após ser atingido. Wellington portava duas armas e um cinturão com muita munição.

Doze estudantes morreram --dez meninas e dois meninos-- e outros 12 ficaram feridos no ataque.