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Escola Tasso da Silveira tem duas matrículas e 23 pedidos de transferência na volta às aulas

Hanrrikson de Andrade*

Especial para o UOL Notícias <BR> No Rio de Janeiro

18/04/2011 17h23

A escola Municipal Tasso da Silveira, no Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, teve duas matrículas e recebeu 23 pedidos de transferência nesta segunda-feira (18), na volta às aulas onze dias depois do massacre promovido por Wellington Menezes de Oliveira, 24, no qual 12 crianças morreram. As informações foram transmitidas por Luiz Martuk, diretor do colégio, que não forneceu o nome dos dois novos alunos.

Os professores do colégio não participaram das atividades oferecidas aos estudantes nesta segunda. Uma equipe de pedagogos, psicólogos e profissionais da escola Nicarágua, que fica em Santa Cruz, também na zona oeste, coordenou as atividades. A direção da escola e a Secretaria de Educação acharam melhor esperar mais para colocar os professores --que estão recebendo um trabalho de apoio psicológico-- novamente em contato com os alunos.

As duas salas em que as crianças foram mortas por Wellington foram transformadas em biblioteca e em um laboratório de ciências. Os alunos visitaram os dois ambientes em pequenos grupos. Segundo Marduk, eles ficaram contentes com o novo layout das salas.

Depois de uma reunião com pais de alunos, a secretária de Educação, Claudia Costin, disse que a Escola Municipal Tasso da Silveira contará com a presença de um psicólogo de forma permanente. Ela também assegurou policiamento da Guarda Civil Metropolitana diante da escola de forma fixa.

Questionada pelo UOL Notícias se poderia estender esses dois serviços a toda rede municipal de ensino, Costin disse ser impossível.

A secretária disse que se comprometeu a atender a cinco reivindicações dos pais. Além destes dois pedidos, também prometeu uma atenção especial às crianças neste momento pós-trauma, de forma a identificar comportamentos “apáticos”.

Garantiu a instalação de um posto de Pronto Atendimento médico, com a presença sempre de uma enfermeira e visitas semanais de dentista, oftalmologista, entre outros.

Por fim, a secretária disse que a, a pedido dos pais, também vai providenciar mais dois inspetores de alunos para a escola e assegurar mais atividades artísticas.

Segundo a secretária, as aulas regulares só devem recomeçar em três semanas. Até lá, a escola funcionará em turnos reduzidos, com atividades extra-classe.

Costin disse não ter o número exato dos alunos que pediram transferência da Tasso da Silveira, mas garantiu ser baixo. Ela conto que dois ex-professores da escola, que haviam pedido transferência anteriormente, pediram para voltar a dar aulas nolocal depois da chacina.

Entenda o caso

No dia 7 de abril, por volta de 8h30, Wellington Menezes de Oliveira entrou na escola Tasso da Silveira, em Realengo, dizendo que iria apresentar uma palestra. Já na sala de aula, o jovem de 23 anos sacou a arma e começou a atirar nos estudantes.

Segundo testemunhas, o ex-aluno da escola queria matar apenas as alunas virgens. Wellington deixou uma carta com teor religioso, onde orientava como queria ser enterrado e deixando sua casa para associação de proteção de animais.

O ataque, sem precedentes na história do Brasil, foi interrompido após um sargento da polícia, avisado por um estudante que conseguiu fugir da escola, balear Wellington na perna. De acordo com a polícia, o atirador se suicidou com um tiro na cabeça após ser atingido. Wellington portava duas armas e um cinturão com muita munição.

Doze estudantes morreram --dez meninas e dois meninos-- e outros 12 ficaram feridos no ataque.

*Com reportagem de Maurício Stycer, do UOL Notícias, no Rio de Janeiro