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Mídia ignora pedido de secretária e aborda alunos da escola de Realengo

Mauricio Stycer

Enviado especial do UOL Notícias<br>No Rio de Janeiro

18/04/2011 16h08

O assédio da imprensa aos alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira foi tema da entrevista concedida pela secretária municipal de Educação, Claudia Costin, uma hora antes da reabertura do portão. “É fundamental que as crianças não sejam abordadas pela imprensa nesta volta às aulas’, pediu.

Mal os primeiros alunos do 9º ano apareceram no horizonte, numa rua próxima, cinegrafistas das principais emissoras de televisão ligaram seus equipamentos e os repórteres empunharam seus microfones, ignorando solenemente o pedido da secretária.

A maioria das crianças que retornava à escola pela primeira vez desde o massacre, no último dia 7, preferiu não falar, mas muitas pararam para conversar com os jornalistas e explicar as “emoções” que estavam sentindo.

Outros exageros foram cometidos nesta volta às aulas. Uma repórter de TV perdeu o início da entrevista de Renata dos Reis Rocha, mãe das gêmeas Bianca (morta pelo atirador) e Brenda (ferida). Aflita, implorou para a mãe falar uma frase sobre a decisão de tirar Brenda da escola: “Fala isso pra mim: ‘Ela não tem condições de estudar aqui’. Entendeu? Fala pra mim”.

Luis Marduk, diretor da escola, dá sinais de que aprendeu a lidar com o circo da mídia. “Queria ter relógio de repórter”, brinca, sobre os pedidos para entrar “em um minuto” ao vivo. “É um inferno”, diz. Uma repórter ouve a reclamação e observa: “Mas eu esperei o senhor 25 minutos”. Sábio, Marduk não diz nada.