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Com migração agrícola, Norte é região onde população mais cresce no país, mostra IBGE

Carlos Madeiro<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Maceió

29/04/2011 10h01

Puxado pela atração agrícola e migração de outros Estados, o Norte apresentou o maior crescimento populacional entre as cinco regiões do país nos últimos dez anos, conforme aponta o Censo 2010, divulgado nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). A região chegou à marca de 15 milhões de pessoas.

Entre os recenseamentos de 2000 e 2010, a região apresentou crescimento populacional de 2,09%, quase o dobro da taxa nacional, que ficou em 1,17%. Nesse período, a região ganhou mais 2.963.750 moradores –14,1% do total do incremento nacional, enquanto a população da região representa apenas 8,3% dos moradores brasileiros.

A região concentra os cinco Estados com as maiores taxas de crescimento populacional do país. Na primeira década do século, o Estado do Amapá foi o que registrou o maior aumento populacional (3,45%). Já Roraima (3,34%) e Acre (2,78%) aparecem na segunda e terceira posições, respectivamente. Em seguida vêm Amazonas (2,16%) e Pará (2,04%). A única exceção é o Distrito Federal, considerado unidade da federação, que apresentou crescimento de 2,26%.

Outro detalhe da região é que, apesar de ter a menor densidade populacional, o Norte possui a maior média de moradores por domicílio: em média, quatro pessoas por casa. Nas demais regiões, essas taxas variam de 3,1, no Sul, a 3,5, no Nordeste.

O crescimento populacional também ocorre em áreas densamente urbanizadas. Entre as 15 cidades mais populosas do país, Manaus (AM) –cidade mais populosa do Norte– é a que registrou maior aumento (2,5%). Cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, tiveram alta de 0,76% cada, bem menor que a capital amazonense.

Os números da região Norte

EstadoPopulaçãoCrescimento
2000-2010
Amapá669.5263,45%
Roraima450.4793,34%
Acre733.5592,78%
Amazonas3.483.9852,16%
Pará7.581.0512,04%
Tocantins1.383.4451,80%
Rondônia1.562.4091,25%
TOTAL15.864.4542,09%

Migração para o campo

Nos últimos dez anos, ao contrário do restante do país, a região ganhou mais 313.606 moradores na zona rural. Já o país registrou, entre os Censos 2000 e 2010, uma redução de 2 milhões de moradores nas zonas rurais nos Estados. Além do Norte, apenas o Centro-Oeste apresentou superávit populacional rural, mesmo assim em número bem menor: 31.379.

O grau de urbanização do Norte também é bem menor que a média nacional e, em 2010, ficou na casa dos 73,5%, contra 84,4% do restante do país.

Para o doutor em economia popular e professor da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Péricles, o aumento populacional da região está ligado diretamente ao setor agrícola. Ele explica que, como os Estados da região estão conseguindo dinamizar a economia, conseguem atrair mais pessoas de outros Estados.

"Esse fenômeno é a expansão da fronteira agrícola mais recente –e última– do Brasil. As taxas maiores de crescimento da população rural refletem a combinação, por um lado, do avanço da fronteira agrícola, antes mais dinâmica nos Estados do Centro-Oeste; e, de outro, o efeito mais sentido do impacto do deslocamento de migrantes para os Estados que possuem uma população rural relativamente pequena. Mesmo sem formar grandes contingentes de migrantes, esse movimento gera taxas maiores em função das características demográficas da região mais distante, de população rarefeita, de território mais amplo, que é a Amazônia", afirma.

Outra explicação de Péricles é que os preços das terras, em comparação a outras regiões, são mais baratos, o que atrai mais agricultores. "Há uma perspectiva de boa rentabilidade, principalmente a soja e a pecuária. O 'boom' das commodities agrícolas desde o começo da década, a melhoria da infraestrutura e o encarecimento da produção no Centro-Oeste, explicam a expansão em direção à Amazônia. Os Estados de ocupação agrícola mais antiga como Mato Grosso do Sul e Mato Grosso obtiveram taxas altas, mas sem o ritmo das décadas anteriores, revelando a estabilidade de sua estrutura fundiária e de sua produção agrícola", finalizou.