Presídio de Natal tinha "cantina" para venda de drogas e bebidas; agentes são investigados
O refeitório da Penitenciária Estadual Parnamirim, em Natal (RN), estava servindo de "cantina" para venda de drogas, bebidas alcoólicas e aparelhos de telefonia celular. Foi o que ficou constatado em uma vistoria surpresa da direção da unidade prisional, na madrugada da última sexta-feira (13).
Foram apreendidos três tabletes de maconha prensada, oito litros de uísque em garrafas pet, além de três telefones celulares, quatro carregadores de bateria e uma faca – escondida num dos tabletes da droga.
Todo o material estava no chão do refeitório do pavilhão 2 e estaria à venda para ser consumido pelos presos no fim de semana. De acordo com a direção da unidade prisional, uma denúncia anônima levou à apreensão. A Delegacia de Narcóticos investiga o caso.
Segundo a Polícia Civil, cinco agentes penitenciários estão sendo investigados por envolvimento no caso. “Se ficar comprovada a participação, eles responderão por tráfico de drogas”, informou ao UOL Notícias o delegado responsável pela investigação, Odilon Teodósio dos Santos Filho. O nome dos agentes penitenciários acusados não foi divulgado para não atrapalhar as investigações.
O delegado estima que uma tonelada de drogas seja traficada dentro das unidades prisionais do Rio Grande do Norte. “Se partimos da lógica de que num dia encontram-se três quilos de drogas, em 30 dias são cerca de cem quilos, e, em todo o sistema, mil quilos”, disse ele, destacando que o preço de um quilo de maconha custa, dentro dos presídios, entre R$ 3 mil e R$ 3,5 mil.
Agentes investigados são liberados
Os cinco agentes penitenciários responsáveis pelo plantão da sexta-feira (13) estão sendo investigados por facilitar a entrada do material na penitenciária. Eles já foram interrogados, mas, segundo o delegado, foram liberados por falta de provas.
“Os indícios são muito fortes de envolvimento dos agentes, pois os presos já estavam recolhidos quando o material foi encontrado. Já colhi depoimento dos cinco, mas por falta de provas tive de liberá-los. Tenho certeza de que existe corrupção dentro dos presídios de Natal e de todo o Brasil", disse Santos.
Para o delegado, a droga encontrada não foi colocada no local pelos detentos. “Pela quantidade sabemos que existe facilitação na sua entrada”, afirmou. Os presos só têm acesso ao refeitório até 18h, quando ele é trancado. A direção do presídio alega ainda que a droga foi colocada no local após a saída dos presos.
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