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Policiais corruptos do Rio de Janeiro são presos em megaoperação nesta quarta

Hanrrikson de Andrade

Especial para o UOL Notícias<br>No Rio de Janeiro

01/06/2011 14h39

A Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) do Rio de Janeiro deflagrou às 6h desta quarta-feira (1) uma megaoperação - batizada "Alçapão" - em três municípios para prender agentes da corporação ligados a esquemas de contravenção.

Depois de cumprir quatro mandados de prisão pela manhã, os oficiais da Corregedoria conseguiram prender mais dois policiais civis acusados de envolvimento com o jogo do bicho e a exploração dos caça-níqueis.

No total, a operação Alçapão já capturou seis suspeitos: um delegado e cinco policiais - quatro inspetores e um do Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe).

Além da capital fluminense, a ação ocorre em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e Niterói, na região metropolitana. Os homens da Coinpol pretendem cumprir dez mandados de prisão e outros 29 de busca e apreensão.

Segundo a chefia da Polícia Civil, o delegado preso foi identificado como Henrique Faro, titular da 104ª DP (São José do Vale do Rio Preto, na região serrana). Ele estava em casa, na Tijuca, zona norte do Rio, e não ofereceu resistência.

O suspeito passará a noite na Divisão Antissequestro (DAS), no Leblon (zona sul), mas será encaminhado o mais breve possível para o presídio Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste.

Já os policiais detidos devem permanecer na sede da Coinpol, no centro. A princípio, todos os suspeitos vão responder por formação de quadrilha e corrupção passiva, entre outros crimes.

Além das prisões, a Corregedoria apreendeu documentos, computadores, notebooks, armas, munição e duas motos, das quais uma Suzuki e uma BMW.

Os investigadores também encontraram uma mala com R$ 250 mil em espécie escondida em uma árvore na casa de um dos policiais, segundo a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha.

De acordo com informações da Polícia Civil, a Corregedoria ainda está "na cola" de outros quatro agentes corruptos, um informante e um advogado. A investigação começou há seis meses, segundo o delegado da Coinpol, Gilson Emiliano Soares.

Rocha afirmou que a região de Niterói concentra boa parte do foco das investigações, onde ficou constatada a "permissividade de muitos policiais civis" com o jogo do bicho. Segundo ela, não há "território intocado" para a Corregedoria Interna, que deverá entregar à chefia um relatório completo com todos os resultados da operação.

O ex-presidente da escola de samba Unidos do Viradouro Marco Lyra também está na mira da Coinpol, que cumpriu mandado de busca e apreensão na antiga casa do sambista, em Camboinhas (Niterói).

Os policiais encontraram uma quantidade não informada de caça-níqueis e documentos que indicam crimes praticados por Lyra, que também é policial civil. O imóvel teria sido vendido por R$ 1 milhão.

Há praticamente um ano, o ex-dirigente da Viradouro foi preso sob acusação de desobediência por não ter comparecido a seis intimações para depor em inquérito que investiga a apreensão, ocorrida em 2006, de 17 máquinas caça-níqueis em um dos seus bares. Lira é inspetor da Polícia Civil, lotado na 76ª Delegacia de Polícia (Niterói).

"Não há território intocado"

Em entrevista concedida na tarde desta quarta-feira (1), a chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Martha Rocha, garantiu que a operação Alçapão não será dificultada por possíveis influências internas.

"Não há território intocado [termo utilizado pelos policiais para definir investigações complexas] para a Polícia Civil. Não desejo saber os alvos, só os resultados", disse ela, que fez elogios ao trabalho da Coinpol e disse que os bons policiais "não temem as ações da Corregedoria".