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Juiz é acusado de envolvimento em esquema para liberar assaltantes no Ceará

Angélica Feitosa<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Fortaleza

17/06/2011 22h09

O Tribunal de Justiça do Ceará recebeu denúncia do Ministério Público Estadual contra o juiz da cidade de Parambu (408 km de Fortaleza) por suposto envolvimento em uma rede de negociação de alvará de soltura de dois presos e a facilitação de fuga de um terceiro.

As acusações de corrupção, formação de quadrilha e conivência facilitação de fuga pesam sobre o magistrado Carlos Ademá da Rocha. A fraude foi descoberta a partir de escutas telefônicas e extratos bancários.

De acordo com a denúncia, pelo menos outras cinco pessoas também do Poder Judiciário, além do juiz, estavam envolvidas no esquema.

Segundo o documento do Ministério Público, os criminosos participaram do assalto à agência do Bradesco da cidade, em 2006, e levaram cerca de R$ 650 mil. Presos em Brasília em seguida, Adelson Pereira Sousa, conhecido como “Gordo”, Luis Carlos dos Santos Sousa, o “Louro”, e Roberto dos Santos Filho tiveram o pedido de transferência assinado pelo juiz para o Ceará logo após a prisão, a pretexto de interrogá-los.

Em março de 2008, o juiz expediu o alvará de soltura para os três. Entretanto, Antônio Roberto dos Santos Filho permaneceu preso por conta de outros mandados em aberto. Ele fugiu da prisão pouco depois.

De acordo com o promotor de Justiça Ricardo Rocha, coordenador das investigações, o juiz teria nomeado um conhecido para comandar a cadeia pública da cidade –ele teria facilitado então a fuga de Antônio Filho.

“Os criminosos faziam parte de uma quadrilha nacional de assaltos a banco, com sede em Brasília”, diz o promotor.

Ainda segundo o MP, um escritório de advocacia de Brasília teria repassado R$ 20 mil ao filho do juiz, Fábio Soares Rocha, e R$ 7.000 a José Alceu Cisne Viana, diretor nomeado para a cadeia pública. O valor total da negociação seria de R$ 70 mil.

O juiz está afastado e, de acordo com o promotor, responde criminal e administrativamente. Se condenado, a pena pode chegar a 15 anos.

O UOL Notícias tentou contato com o magistrado, em sua residência em Fortaleza, mas não obteve retorno.